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Batique – Arte de tingir tecido na alma do “Muteko-Waho”

Batique - Arte de tingir tecido na alma do “Muteko-Waho”

Decidiram formar uma associação para “fi ntar” o trabalho solitário, foi assim que, em 2007, nasceu o Muteko-Waho que em tradução literal signifi ca: nosso trabalho. São, ao todo, 10 jovens que se dedicam ao fabrico e venda de batique, 24 horas por dia e 365 dias por ano. Só assim, garantem o sustento aos seus.

Sergio Costa
De acordo com a explicação de Américo Mavale, presidente da Associação de arte Muteko- Waho, os dez membros da agremiação trabalhavam inicialmente de forma individual, mas, em 2007, decidiram trabalhar colectivamente para contornar os encargos de produção. Para produzirem o Batik, os artistas usam como matériaprima, tecidos de algodão, cera, tintas de cores diversas em pó e papel. Segundo Elídio Ribeiro, um dos artistas que integram o grupo, esta matéria-prima é adquirida nos mercados Xipamanine e Central ou na vizinha África do Sul.

 

 

Para a venda do produto final, o mercado de arte que tem lugar todos os sábados na Praça 25 de Junho, na cidade de Maputo. Os preços de venda por peça de “batik” rondam entre 30 meticais a 3 mil meticais, dependendo das dimensões do tecido e do tipo de desenho. Segundo os produtores e vendedores deste tipo de arte, os seus maiores compradores são indivíduos brancos de origem europeia e americana, nomeadamente turistas e representantes do corpo diplomático.

Outro mercado não menos lucrativo e que os vendedores de arte consideram importante, é o italiano. “Temos colaboradores na Itália que recebem as nossas obras e vendem nas grandes feiras europeias, em se faz negócio justo. Trabalhamos também em parceria com uma organização italiana sem fi ns lucrativos, que nos ajuda a vender na Itália e no resto do mundo”. Os artistas membros da agremiação afi rmam que têm conseguido suportar as despesas do dia-a-dia com esta arte. De segunda à sexta-feira registam uma produção média de dez unidades de “batik” grande. “Já temos um fundo de cerca de 12 mil Meticais, que poderá ser aplicado em situações de crise. Agora estamos a equacionar a possibilidade de adquirir instalações próprias, visto que estamos numa casa alugada”, explicaram.

 

Processo de produção

Segundo os artistas por nós entrevistados, o método manual de pintura sobre o tecido, consiste em cobrir áreas do tecido a serem trabalhadas com cera ou parafi na, imergir o tecido em latões com tintas de cores variadas para o tingimento desejado de acordo com o desenho pretendido. A técnica do “batik” desenhado à mão assenta na marcação dos contornos do desenho desejado, por meio de uma fi na linha de cera denominada “djanting”. Usa-se o pincel quando o objectivo for a obtenção de outras texturas ou linhas mais grossas. Este processo de inicia-se pelo traço da linha de cera sobre o tecido . “Esta operação requer muita perícia e experiência”, diz Paulo.

Normalmente, o pano, é esticado numa moldura e fi xado periodicamente com taxas para manter o material bem tenso. Na aplicação das cores tem que se permanecer muito atento enquanto se aplicam as tintas com o pincel de modo a assegurar que cada cor adicional combine e se misture bem. A aplicação de cores também requer perícia. A tinta deve ser aplicada cuidadosamente a fi m de evitar o derrame para o desenho de fundo ou para outros elementos da composição. A fase seguinte é a fi xação de cores com silicato de sódio. Isto destina-se a evitar que o tecido desbote facilmente. Por fi m, o tecido é fervido para remover a cera e revelar o desenho desejado. Lava-se depois repetidamente.

O “batik” é então pendurado para secar, e subsequentemente passado a ferro. É uma arte bastante difundida em África e é utilizada em elementos decorativos e em roupa. Em Moçambique encontra- se uma grande variedade de trabalhos em batique, com bastante criatividade e originalidade.

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