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Banco de Moçambique evoca “riscos e incertezas” para interromper redução das suas taxas de referência

Anadarko anima Banco de Moçambique que reduz taxas de referencia pela primeira vez em 2019

Foto de Adérito CaldeiraO Banco de Moçambique (BM) decidiu nesta segunda-feira (11) que não existem condições para continuar a relaxar a sua Política Monetária “tendo em conta que os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação tornaram-se mais proeminentes”. Contudo o @Verdade entende que Rogério Zandamela e os seus pares estão na expectativa do desfecho do caso Manuel Chang, da Paz, da consolidação fiscal que o Governo não está a fazer… e quiçá do Comité Central no próximo mês.

Após reunir antecipadamente o Comité de Política Monetária (CPMO), cujo encontro estava agendado para o próximo dia 21, “decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 14,25 por cento.”

“Decidiu, igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 11,25 por cento e 17,25 por cento, respectivamente, bem como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 14,00 por cento e 27,00 por cento, respectivamente” indica um comunicado do BM que substituiu a conferência de imprensa no passado dirigida pelo Governador.

No documento o banco central fundamenta a interrupção da descida da taxa MIMO, o único factor que tem contribuído para a descida das taxas de juro a retalho, “tendo em conta que os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação tornaram-se mais proeminentes, o CPMO considera oportuno manter uma postura de política monetária prudente.”

Relativamente a depreciação do metical, que nesta segunda-feira (11) foi transaccionado a 62,95 por dólar norte-americano, depois de 61,43 no fecho de Dezembro de 2018, o BM avalia como “ligeira depreciação, em linha com a sazonalidade do período”.

Para além dos riscos externos, que o banco central considerou nesta primeira sua reunião sobre Política Monetária que “agravaram-se”, o comunicado recebido pelo @Verdade do refere que “o CPMO considera que subsistem riscos associados à sustentabilidade da dívida pública, às calamidades naturais, bem como às incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados.”

Incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal do Governo

Diante da nova postura do Banco de Moçambique de evitar que o seu Governador fale com a imprensa, claramente porque estamos em ano eleitoral, é importante recordar que em Junho de 2018 Rogério Zandamela manifestou as desconfianças da instituição que dirige sobre “as incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal necessárias para mitigar o risco associado à sustentabilidade da dívida pública no contexto do ciclo eleitoral de 2018, que são as eleições municipais, e em 2019, as eleições presidenciais e dos governadores”.

Ultrapassadas as eleições Autárquicas salta à vista que o Governo não tem realizado a consolidação fiscal necessária para a inverter o rumo da economia nacional. “Limita-se a divulgar medida paliativas e aparentemente visando uma consolidação fiscal, mas o que tal consolidação fiscal significa na prática é restringir ao mínimo a alocação de recursos aos sectores social prioritários, para paralelamente manter ou mesmo ampliar a alocação para sectores securitários, encargos da dívida e reforço da máquina burocrática de apoio ao partido no poder”, explicou ao @Verdade o Professor de Economia e investigador do IESE, António Francisco.

foto do Banco de MoçambiqueRelativamente às incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados que o BM assinala também há pouco mais de 6 meses Rogério Zandamela havia mostrado preocupação relativamente aos preços dos combustíveis líquidos, da água potável, da energia eléctrica, dos transportes de passageiros, das portagem e até mesmo das taxa municipais.

Em Outubro o Governador do banco central também alertou para o impacto das negociações para a Paz, o pacote de descentralização e da desmilitarização nas decisões do Comité de Política Monetária.

Um outro economista entrevistado pelo @Verdade indicou como causas do enfraquecimento da moeda moçambicana os vários compromissos que o Estado tem de pagar em divisas, os calotes que Moçambique está a dar aos investidores das dívidas ilegais assim como ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil e a detenção de Manuel Chang.

Entretanto outras fontes ouvidas pelo @Verdade revelaram que a detenção do antigo ministro das Finanças de Armando Guebuza, e colega de Executivo de Filipe Nyusi, estará a colocar em xeque a unanimidade e torno da indicação do actual do presidente do partido Frelimo como o candidato para as eleições Presidências de Outubro próximo, criando mais uma incerteza para Moçambique, pelo menos até a reunião do Comité Central prevista para Março.

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