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Baleias, mais próximas dos seres humanos do que se acreditava

A baleia partilha algumas faculdades que se acreditava ser estritamente reservada aos seres humanos, segundo estudo divulgado justamente quando cota de caça desses cetáceos está a ser avaliada, desde segunda-feira durante uma reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI) em Agadir, Marrocos.

Segundo biólogos, os cetáceos marinhos, categoria que também inclui golfinhos e botos, têm consciência, sofrem e possuem uma cultura social, aliada a uma capacidade mental. Sendo assim, como se pode aceitar que elas sejam caçadas com arpões? Esta é a pergunta central dos trabalhos da CBI, que estará reunida até a sexta-feira para discutir a legalização da prática, por dez anos, na Noruega, Islândia e Japão, apesar da moratória em vigor desde 1986.

“Pelas nossas observações, sabemos que muitas baleias grandes apresentam o comportamento mais complexo do reino animal”, assegura Lori Marino, neurobiologista da Universidade de Emory de Atlanta (Estados Unidos). Lori explica que há dez anos, quando trabalhava com golfinhos (genus Tursiops), demonstrou que pela maneira como se olhavam através de um espelho para identificar uma marca colocada em seu corpo, tinham consciência da sua própria identidade, da mesma maneiroa que um chimpanzé e uma criança humana.

Segundo Georges Chapouthier, neurobiologistas e diretor do Centro Emoção da Universidade Pierre e Marie Curie de Paris, a consciência de si mesmo significa que os golfinhos e baleias, como alguns primatas, experimentam não apenas dor, mas sofrimento. “O sofrimento pressupõe certo nível de funções cognitivas”, explicou Chapouthier à AFP. “É difícil definir de que nível se trata, mas vários estudos demonstram que os mamíferos mais evoluídos são dotados destas funções cognitivas, como os grandes macacos, os golfinhos e, muito provavelmente, as baleias”.

Quanto á inteligência, os cetáceos estão em segundo lugar atrás dos homens, pelo tamanho do seu cérebro em proporção ao peso total. Mais significativas do que o volume são as zonas cerebrais especializadas na cognição e as emoções, e as altas probabilidades de que tenham se desenvolvido graças a interações sociais dentro do grupo, segundo vários estudos publicados em revistas científicas. Alguns pesquisadores falam inclusive de “cultura”, uma noção até hoje usada exclusivamente para o homo sapiens.

 “Entre algumas baleias, a cultura é fundamental e sofisticada”, assegura Hal Whitehead, da Universidade Dalhousie de Halifax (Canadá), que explica a existência de comportamentos de transmição de conhecimento de uma geração para outra, por exemplo, entre a baleia azul. “Em um dado momento da temporada de reprodução, todos os machos de todos os oceanos cantam mais ou menos um mesmo canto, elaborado, mas esse canto comum evolui com os meses e os anos”, apontaram Whitehead e seus colegas em um estudo publicado na revista Biological Conservation.

Alguns pesquisadores observaram orcas que ensinam para outras, originárias de um grupo geográfico diferente, como roubar o pescado das linhas de barcos comerciais. Por outro lado, duas comunidades de orcas que raramente se juntam apesar de compartilhar as mesmas águas próximas a Vancouver (Canadá), aprenderam a compartilhar os alimentos: umas comem peixes e outras os mamíferos, como focas, explica Whitehead. Portanto, “eliminar um subgrupo da população é muito mais do que matar uma certa cota de indivíduos. É eliminar uma cultura inteira”, insistiu Lori Marino.

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