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Balanhane: o ‘dono’ da UEM !

Sem sucesso e a ocupar uma vaga há 32 anos na maior instituição do ensino superior no país, a Universidade Eduardo Mondlane, Raul Balanhane Muiambo segue a preceito o ditado que reza que “a esperança é última coisa a morrer”.

Por isso, para obter a licenciatura em História, acredita que “não há pressa para concluir o curso”! Se o número de idosos tende a aumentar, a Terceira Idade parece estar a surgir como uma possibilidade de se pensar numa nova maneira de “ser velho”. E como uma representação colectiva, ela está a começar, ainda que timidamente, a mostrar um outro estilo de vida. Ao invés de ficarem em casa isolados, eles, os idosos, saem para o lazer, vão a bailes, fazem viagens, participam em locais recreativos tais como museus e teatros.

E no quinquénio prestes a findar, o Governo – através do Ministério da Função Pública, tem “evangelizado” que, para melhorar a condição de vida – e de desempenho – é imperioso que o funcionário ou colaborador obtenha um diploma que confirma, além do simples saber ler e escrever, “ habilidades da vida”. Mas a história de Raul Balanhane Muiambo é outra. Certamente que quando nasceu no longínquo 1955, não havia cogitado que aos 22 anos – 1977 – entraria na UEM e ali permaneceria 32 anos sem transitar do 1º ano do curso de História da Faculdade de Letras e Ciências Sociais.

Nesse período, o país vivia a era Marxista- Leninista e, segundo conta, a interrupção dos seus estudos deveu-se a alguns problemas havidos naquele estabelecimento de ensino no ano de 1980. Entretanto, quando em 1986 os referidos constrangimentos foram sanados, Muiambo tentou a sua reintegração sem, no entanto, lograr os seus objectivos. Mas como o desejo pelo canudo ainda continuava aceso, eis que Raul Balanhane Muiambo é, em 2005, readmitido pelo despacho favorável de Brazão Mazula, ex-reitor.

Vítima do tempo… e da informática

Mas ao retornar à faculdade, Balanhane volta a enfrentar um novo problema, ou seja, a dinâmica do processo de ensino e aprendizagem que começou a vigorar em 2005. Entre a parede e a espada, Balanhane não teve outro recurso senão recomeçar tudo. Quando pensava ultrapassados todos os obstáculos, viu-se diante de um outro adversário que ainda o perseguia: a imposição do uso de computadores e internet como meios de pesquisa.

Sabe-se que também é desde 2005 que o curso de História atribuía o grau de licenciatura em quatro anos. Como resultado de esforços empreendidos pelo padre Filipe Couto – defensor irredutível do sistema de Bolonha que também já lhe criou muitos dissabores e inimigos internos que o reitor chama de resistentes às mudanças irreversíveis – o currículo vigente atribui o grau de bacharelato em três anos (sem reprovações). Não obstante serem questionáveis, essas mudanças são tidas como vantajosas para o estudante – e para o país. Foi na senda disso tudo que procurámos saber o que pensa Balanhane.

A resposta surpreende: “Não há pressa para concluir o curso”, gaba-se, concluindo que o que lhe importa por enquanto é concluir todas as disciplinas em falta e obter o grau de licenciatura que há muito almeja.

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