Caças sírios bombardearam neste sábado insurgentes no leste de Damasco, e forças do governo atacaram uma cidade no sudoeste, disseram ativistas, em uma campanha que já dura um mês e até agora não atingiu seu objetivo de retirar os rebeldes das cercanias da capital.
Aviões bombardearam o bairro Beit Sahm, na estrada que leva ao aeroporto internacional, e o Exército disparou foguetes em vários redutos rebeldes nas cercanias de Damasco, bastião do presidente Bashar al-Assad durante os 21 meses de uma revolta que se torna cada vez mais violenta.
O líder alauita de 47 anos, que foi forçado a ficar na defensiva pelos rebeldes da maioria sunita, tem usado com cada vez mais frequência ataques aéreos e artilharia para conter o avanço dos rivais por terra.
O comandante norte-americano da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também acusou as tropas de Assad de dispararem mísseis Scud que caíram perto da fronteira com a Turquia, ao explicar por que a aliança ocidental está mandando baterias antiaéreas e tropas para a fronteira norte da Síria. O governo sírio nega ter disparado tais foguetes de longo alcance e fabricação russa.
Mas o almirante James Stavridis escreveu em um blog que alguns mísseis Scud foram lançados na Síria nos últimos dias contra alvos da oposição e “vários caíram muito próximos da fronteira com a Turquia, o que é muito inquietante”. Não ficou claro o quão perto eles caíram.
A Turquia, membro da NATO que já foi amigável a Assad, mas agora está entre os aliados dos rebeldes, reclamou de alguns disparos de artilharia que caíram além da fronteira e causaram mortes. O país buscou a instalação de defesas de mísseis em sua fronteira há algumas semanas. “A Síria está claramente em uma situação caótica e perigosa, mas temos uma obrigação absoluta de defender as fronteiras da aliança de qualquer ameaça que venha desse Estado problemático”, afirmou Stavridis.
Baterias de mísseis norte-americanos Patriot, fabricados para interceptar os Scud e associados popularmente à Guerra do Golfo, em 1991, serão destacados pelos exércitos de EUA, Alemanha e Holanda, e cada país enviará cerca de 400 soldados para operar e proteger os sistemas de foguetes.
Damasco acusou as potências ocidentais de apoiar o que chama de campanha “terrorista” sunita contra a Síria e diz que Washington e a Europa publicamente levantaram preocupações de que as forças de Assad possam usar armas químicas, mas que isso era apenas um pretexto para uma possível intervenção militar.
Em contraste à campanha aérea da NATO de apoio à bem-sucedida revolta na Líbia no ano passado, contra Muammar Khaddafi, as potências ocidentais se afastaram de uma intervenção na Síria. Elas citaram o maior tamanho e complexidade étnica e religiosa do Estado no coração do Oriente Médio, mas também não obtiveram aprovação da ONU (Organização das Nações Unidas), devido ao apoio da Rússia a Assad.
Além do crescente desafio dos rebeldes, a Síria enfrenta uma aliança de potências árabes e ocidentais que incrementaram o apoio diplomático aos rivais políticos de Assad em um encontro em Marrocos, na quarta-feira, e alertou que ele não conseguirá vencer a guerra civil síria.