A líder da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi, em prisão domiciliar em Yangon, aprovou a decisão de seu partido de boicotar as primeiras eleições legislativas organizadas no país depois de 20 anos, anunciou esta quarta-feira o seu advogado.
O seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND) anunciou, no dia 29 de março, que boicotaria a votação porque rejeita as leis eleitorais promulgadas pela Junta Militar. “Aung San Suu Kyi disse estar muito satisfeita com a decisão da LND”, declarou à imprensa seu advogado e também porta-voz do partido, Nyan Win, depois de se encontrar com a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz na sua cidade. “Manteremos-nos firmes a nossa decisão. Temos tarefas a cumprir, mas não podemos revelá-las em razão da atual situação do país”, continuou.
A junta promulgou no início de março leis para reger a votação, segundo as quais a LND poderia escolher entre participar das eleições depois de ter excluído a oposicionista de suas instâncias ou arriscar ser dissolvida pela Junta. As eleições legislativas devem acontecer antes do fim de novembro. A última votação ocorreu em 1990 e foi facilmente ganha pela LND, mas a junta militar, no poder desde 1962, jamais reconheceu o resultado.
Vários países, incluindo os Estados Unidos, França e Austrália, criticaram duramente as leis destinadas a preparar as eleições legislativas, que impedem os partidos de conservar em sua bancada prisioneiros políticos. Nesta quarta-feira, centenas de deputados de países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) pediram aos seus dirigentes, na quinta e sexta-feira em Hanói, para se considerar a expulsão da Birmânia se a junta continuar a se fazer de surda aos apelos à favor de eleições livres e justas.
Aung San Suu Kyi, de 64 anos, está há 14 dos últimos vinte anos de prisão em sua residência.