A Associação Moçambicana dos Desmobilizados de Guerra (AMODEG) está novamente mergulhada num ambiente de desavenças com o Presidente do Conselho de Direcção, Samuel Tafula, que é acusado de prática de desmandos na liderança desta agremiação.
Torres Anona, líder do comité de gestão da AMODEG, diz que o que se pretende é repor a legalidade, enquanto Samuel Tafula contrapõe alegando que não se resolve uma irregularidade cometendo outra.
No centro das desinteligências estão os alegados desmandos cometidos por Tafula durante cerca de oito anos e, para resolver o problema, foi constituída uma comissão de gestão que, num prazo de três meses, deverá convocar a Assembleia-geral da agremiação.
Segundo escreve o matutino “Noticias”, Samuel Tafula é acusado pela comissão de gestão de, entre outras irregularidades, ter arrendado as instalações da AMODEG a uma instituição religiosa sem conhecimento dos restantes membros da agremiação, sobretudo no que concerne ao valor do arrendamento.
Segundo Torres Anona, chefe do gabinete de estudos e projectos daquela associação, várias iniciativas que tinham sido programadas em benefício dos membros da Associação não foram concretizadas, alegadamente porque Samuel Tafula nunca permitiu que tal acontecesse.
A comissão de gestão da Associação dos Desmobilizados de Guerra também acusa Samuel Tafula de se ter apropriado de uma viatura de marca Land Rover para proveito pessoal, de não ter um plano concreto para materializar os objectivos da organização, bem como de ter desviado avultadas somas em dinheiro, entre doações e o apoio que o Estado canaliza à agremiação.
O Estado canaliza, mensalmente, à AMODEG, um montante de 187 mil meticais (um dólar equivale a cerca de 29 meticais ao câmbio actual) para o pagamento de subsídios aos funcionários e despesas correntes.
Fontes próximas da organização revelaram que, desde a eclosão dos problemas, Samuel Tafula e o seu elenco, alegadamente já fora do mandato, nunca mais puseram os pés na associação.
“Nós os membros efectivos não podemos ficar alheios aos problemas que a AMODEG vive. Daí que decidimos que todos os órgãos sociais cessem funções e dentro de 90 dias vamos convocar a Assembleia- geral”, disse Torres Anona, que acusa Samuel Tafula de ter se apoderado de 459 mil meticais que o Ministério dos Combatentes canalizou em 2010, para a inserção social dos desmobilizados.
“Eu estive directamente ligado a esse processo. O valor não chegou a financiar nenhum projecto dos desmobilizados”, disse Torres Anona.
Por seu turno, Samuel Tafula acusa a comissão de gestão de ter trancado o seu gabinete e do secretário-geral da organização, apontando esta acção como sendo a razão porque ele não se faz presente na sede da organização.
Samuel Tafula, defendeu-se alegando que as acusações visam distrair a opinião pública, tendo confirmado que o Estado, através do orçamento, canaliza 187 mil meticais para subsídios aos funcionários na sede e nas delegações provinciais, bem como para o pagamento de despesas correntes.