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Assaltantes aterrorizam operadores comerciais em Nampula

Assaltantes aterrorizam operadores comerciais em Nampula

Devido à onda de assaltos à mão armada, perto de uma dezena de proprietários de armazéns e estabelecimentos comerciais localizados no bairro de Muahivire-Expansão, na cidade de Nampula, pondera a hipótese de encerrar as portas. Em menos de um mês, foram registados pelo menos quatros casos e a Polícia tem-se mostrado inoperante naquela circunscrição.

Desde o passado mês de Novembro, o comércio ao longo do prolongamento da Avenida das FPLM, no bairro de Muhavire- Expansão, na unidade comunal de Mutotope, passou a ser tomado por uma tensão velada, especialmente depois das 17h00. O clima de insegurança instalou-se quando um grupo de malfeitores se introduziu num dos armazéns, tendo- se apropriado de alguns produtos alimentares.

Primeiramente, os meliantes dedicavam-se ao assalto a residências e indivíduos na via pública durante o período nocturno. Nos últimos dias, o grupo virou as suas atenções para os estabelecimentos comerciais. Todas as semanas, há relatos de incursões dos malfeitores. A inoperância e a falta de patrulha por parte dos agentes da Polícia são apontadas pelos moradores e os comerciantes como sendo um dos aspectos que encoraja a acção ousada dos gatunos. O caso mais recente deu-se no passado dia 29 de Dezembro, quando dois indivíduos encapuzados assaltaram os armazéns Issufo Ali Ibraimo (ISAI).

“De Dezembro para cá, a criminalidade dobrou”, afirma ao @Verdade uma fonte ligada a uma das vítimas do assalto aos armazéns ISAI, que testemunhou o ocorrido. O indivíduo, que não quis ser identificado, explicou que o caso se deu por volta das 17h00, quando se preparava o encerramento do estabelecimento. Porém, de súbito, um homem fazendo-se passar por um cliente entrou no armazém, tendo apontado uma arma de fogo para o guarda e um dos filhos do proprietário.

“Quando o gatuno chegou, encontrou o guarda no portão principal, tendo de seguida o ameaçado com recurso a uma arma de fogo. Nessa altura, o filho do proprietário quis inteirar- se do que se estava a passar e acabou por ser uma das vítimas dos assaltantes”, conta fonte.

Volvidos alguns minutos, o segundo integrante da quadrilha fez-se ao local. Numa primeira fase, os malfeitores apoderaram-se de telemóveis. Após apropriarem-se de aparelhos celulares dos clientes, dos trabalhadores e dos proprietários do armazém, os meliantes dirigiram-se à caixa do estabelecimento comercial. Eles procuravam pela receita do dia, mas os funcionários disseram que não havia dinheiro guardado ali, uma vez que o movimento registado ao longo do dia foi bastante fraco, facto que deixou irritados os bandidos. Como forma de amedrontá-los, dispararam alguns tiros para o tecto, porém, não lograram os seus intentos.

Um dos meliantes introduziu-se no escritório no fundo do armazém, onde o proprietário se encontrava a fazer o balanço das actividades do dia. Depois de afirmar por diversas vezes que não havia dinheiro naquele estabelecimento, o empresário Issufo Ali foi alvejado no braço esquerdo. Depois de levarem uma quantia não especificada que se encontrava no cofre principal, os malfeitores abandonaram o local. O assalto durou apenas 10 minutos.

Abalada com a situação, a esposa do proprietário dos armazéns ISAI questionou se os agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), afectos no posto policial de Mutotope, não teriam ouvido os disparos, uma vez que os armazéns se encontram a escassos metros das instalações da Polícia. “É impressionante! Não é possível que a Polícia não tenha ouvido o barulho dos disparos. O posto policial fica aqui ao lado”, comenta. Num outro pronunciamento, ela afirma que a família pretende desfazer-se de todos os bens e encerrar as actividades.

 

Armazenistas ameaçam encerrar as portas

Pela forma como ocorreram os últimos assaltos, sob o olhar impávido das autoridades policiais, aliados ao facto de os armazéns se localizarem nas proximidades do posto policial, pelo menos perto de uma dezena de proprietários dos estabelecimentos pretendem paralisar as suas actividades comerciais. Os armazenistas alegam que a zona em que operam não oferece condições de segurança, quer para os clientes, quer para os empresários. Refira-se que, devido aos sistemáticos assaltos, alguns dos proprietários dos estabelecimentos optaram por um novo horário de trabalho. Até às 15h30, grande parte das lojas e armazéns já tem as portas encerradas.

“A Polícia é cúmplice”

Visivelmente revoltada com o ocorrido e com a crescente onda de assaltos que vem ganhando terreno nos últimos dias, a fonte que temos vindo a citar conta que, logo após a inauguração daqueles empreendimentos naquela parcela da cidade de Nampula, os proprietários, ora vítimas dos criminosos, já haviam manifestado, junto à PRM, a necessidade de patrulha policial, sobretudo nas horas de ponta.

O chefe do posto garantiu que a zona era tranquila e não havia riscos de ocorrerem assaltos, principalmente no período da tarde. “Não há dúvidas sobre a cumplicidade da Polícia nesses assaltos, uma vez que ela só se faz ao local do crime depois de passarem pelo menos cinco horas”, diz o interlocutor que acrescenta que as autoridades policiais de Mutotope teriam ordenado que o assunto não chegasse aos órgãos de informação.

Polícia acusa os empresários de não fazerem denúncias

De acordo com o porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula, Miguel Bartolomeu, a solução do problema de assaltos naquela zona residencial depende das denúncias das vítimas. Bartolomeu não confirmou o envolvimento de alguns agentes da corporação nos assaltos, tendo salientando que o sucesso do trabalho que a sua instituição tem vindo a desenvolver dependente das queixas apresentadas pelos lesados.

“A Polícia reage a casos denunciados ou então em flagrante delito’’, afirma. Contudo, há um trabalho em curso com vista a esclarecer os casos de assaltos a armazéns na unidade comunal de Mutotope de que a PRM tomou conhecimento através da reportagem do @Verdade.

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