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As máscaras de Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos completou, na passada segunda-feira, trinta anos de poder. Quase os mesmos que tinha quando sucedeu a Agostinho Neto – o primeiro Presidente de Angola -, em 1979. Depois de Kadhafi na Líbia e de Teodoro Obiang na Guiné Equatorial – este último bate-o por escassos meses – Eduardo dos Santos é o terceiro da companhia no que a anos no poder diz respeito em África.

O regime, apesar de ser considerado uma democracia, tem um chefe de Estado que, em 30 anos, nunca foi eleito por sufrágio universal e directo, contrariando a Constituição, a lei máxima do país, que consagra a eleição do mais alto dignitário da Nação de uma forma directa, secreta e universal, ou não fosse o regime angolano de cariz presidencialista. Por uma só vez Eduardo dos Santos se submeteu ao veredicto popular.

Foi no ano de 1992, depois de a guerra ter dado umas tréguas à paz, tendo a primeira recomeçado ainda antes da segunda volta que deveria opor dos Santos – então vencedor na primeira ronda – a Jonas Savimbi, o eterno guerrilheiro que viria a tombar crivado de balas nas matas volvidos dez anos. Eduardo dos Santos esteve sempre à la mode. Foi anticolonialista quando o colonialismo se encontrava num estertor. Foi marxista-leninista quando o comunista parecia, nos fi nais de ´60 princípios de ´70, especialmente o de cariz terceiro-mundista, conquistar o mundo.

Foi democrata quando a democracia virou a tendência largamente dominante no início dos anos ´90 – excepto meia dúzia de obsoletos países, houve eleições em quase todo o mundo. Hoje, o que “está a dar” é ser capitalista e José Eduardo dos Santos, sempre à la mode, é um dos homens mais ricos do mundo. O percurso do Presidente angolano faz lembrar aqueles artistas de circo que percorriam a província e que interpretavam quase todos os números mudando a máscara consoante a cena.

Actualmente, com todo o seu poder e dinheiro, comprou os estrangeiros que entram em Angola para o business, a comunidade internacional, a oposição, todo o país e até a dignidade de muitos angolanos. Só alguns, muito poucos, conseguem manter-se como espíritos livres e críticos. E esses, coitados, bem que sofrem nesta democracia muito sui generis onde quem não está com a família dos Santos vive diariamente o Inferno descrito por Dante.

Nota: Com a publicação do 15º fascículo chega hoje ao fim a obra “Lutar por Moçambique”, de Eduardo Mondlane, que @ VERDADE ofereceu aos seus leitores durante 8 edições. Para a semana daremos intruções de como poderá adquirir a capa rija para encadernar os fasciculos.

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