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As duas faces da Praça dos Combatentes

As duas faces da Praça dos Combatentes

Com a reabilitação da Praça dos Combatentes acreditava-se que os vendedores que ali se tinham instalado fossem abandonar o local e, posteriormente, ocupassem as bancas existentes no interior do mercado Mucoriana disponibilizadas pelo Conselho Municipal.

Desengane-se quem assim pensou pois os vendedores só não exercem a sua actividade na praça e nos passeios devido à presença dos agentes da Polícia Municipal que, nas primeiras horas do dia, dirigem-se àquele local para disciplinar os comerciantes, na sua maioria vendedores ambulantes.

O ambiente de ordem só se verifica até muito perto das 19 horas, altura em que os agentes da Policia Municipal abandonam a praça. Os vendedores aproveitam da ausência destes para tomar de assalto o local, inundando os passeios e as faixas de rodagem da avenida Julius Nyerere, dificultando, deste modo, a circulação de viaturas e de peões, para além de colocar a sua vida em risco.

Quando isto acontece, os automobilistas são obrigados a partilhar a estrada com as carrinhas de mão carregadas de sapatos e de pão, as bancas e com os vendedores ambulantes. Por exemplo, numa faixa onde circulam normalmente três viaturas, a partir das 19 só pode circular uma ou duas viaturas.

Os mentores deste “caos” dizem pautar por este comportamento porque o mercado não tem um sistema de iluminação e a praça é um local estratégico pois para além de servir de terminal de transportes semi-colectivos, é onde as pessoas podem comprar os produtos sem terem que se deslocar ao mercado.

Aliás, eles não só se queixam da falta de iluminação, reclamam também da exiguidade do espaço existente no mercado pois há mais vendedores que bancas, facto que não constitui a verdade, pois o cenário por nós presenciado revela-nos o contrário: no interior do Mercado Mucoriana há mais de 120 bancas vazias enquanto muitos vendedores degladiam-se para poder ter um espaço no exterior do mercado para comercializar os seus produtos.

Os vendedores que exercem a sua actividade no interior do mercado dizem ser falsas as informações segundo as quais as pessoas não gostam de fazer compras naquele local por ser longe, motivo evocado pelos que preferem vender nas ruas.

“Agora é que nós não conseguimos vender porque eles (vendedores de rua) abordam o cliente ainda a entrar no mercado, o que não aconteceria se todos nós estivéssemos aqui, referindo-se ao mercado. Disse Joana Cossa, vendedeira no Mercado Mucoriana.

Entretanto, os “vendedores de rua” alegam que o mercado é muito grande e as chances de conseguir vender os seus produtos são mínimas e refutam a ideia de que as pessoas já não chegam ao mercado porque eles estão na rua, um dos pontos de acesso ao mercado. Para eles, isto acontece só de noite, altura em que eles, os vendedores, se deslocam para a praça.

Para Jorge Wassitela, vendedor de calçado e roupa usada, as pessoas têm medo de se deslocar ao mercado de noite devido a presença de pessoas que, aproveitando-se do facto de o mercado não ter iluminação e da quase inexistência da Polícia de Protecção, praticam assaltos, o que faz com que eles tenham que recorrer a praça para poder vender os seus produtos, isto é, ir ao encontro do cliente.

Ademais, os transportadores que durante o dia usam o terminal ali existente para o embarque e desembarque de passageiros, a partir da altura em que a Polícia Municipal dá por terminado o seu trabalho, fazem daquele local um autêntico palco de desobediência.

Os mesmos abdicam-se de usar o terminal e fazem o embarque e o desembarque de pessoas onde lhes convier, fazendo-se confundir com aqueles que seguem a Doutrina de Deus quando se encontram no interior do Templo.

Nalgumas vezes, não poucas, pudemos acompanhar casos de transportadores que se comportam desta maneira mesmo nas “barbas” dos agentes da Polícia Municipal encarregues de zelar por aquele local e de fazer cumprir as regras que regem o transporte de passageiros.

Entretanto o porta-voz da Policia Municipal da Cidade de Maputo, Enoque Paulo, diz ser este um assunto do seu conhecimento mas que acontece à revelia da sua corporação, uma vez que os agentes da Polícia Municipal deixam o local às 20 horas.

“ Os nossos agentes trabalham das 8 às 20 horas, em particular nos mercados, só em casos de emergência é que podem trabalhar acima deste horário”. Enquanto o Conselho Municipal não tomar medidas tendentes a mudar este cenário, os vendedores continuarão a “invadir” a praça e a estrada, mesmo cientes do iminente perigo a que estão expostos.

Vendedores serão transferidos

Por seu turno, o vereador para a Área de Mercados e Feiras, António Tovela, reconheceu o facto e fez saber que estão em curso acções visando transferir os vendedores que se encontram sem bancas no interior do mercado da Praça dos Combatentes para um lugar já identificado.

É que após a retirada dos vendedores que praticavam o comércio na via pública, para dar lugar à reabilitação da praça, cerca de 2000 vendedores não conseguiram espaço no interior do mercado.

Deste número, uma parte será transferida para um espaço com cerca de 6 hectares localizado no bairro de Laulane, Distrito Municipal KaMavota e os restantes serão integrados nos mercados periféricos tais como Mucoriana, Compone, Urbanização e outros.

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