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Artistas sentem-se desvalorizados em Namaacha

Artistas sentem-se desvalorizados em Namaacha

A acentuada desvalorização dos trabalhos dos artistas, no distrito de Namaacha, na província de Maputo, está a preocupar aquela classe social que se sente excluída dos planos do desenvolvimento do governo moçambicano.

A primeira impressão que fica quando um grupo de artistas decide falar sobre os seus sentimentos em relação às pessoas a quem o povo delegou para o governar – e no exemplo do distrito de Namaacha – é a de que, naquela parcela do país, o sentido de fazedor de arte está longe de significar liberdade de expressão e de pensamento.

À partida, nem há grande novidade na situação que origina a sua reclamação. Governantes que não valorizam os seus governados são muitos neste país. Mas os artistas de Namaacha, depois de nos terem revelado que as autoridades governamentais locais nada fazem a fim de que a classe ganhe alguma visibilidade, melhorando as suas vidas, simplesmente, optaram por solicitar o seu anonimato. Dizem que podem ser vítimas de represálias.

O problema, porém, é que falta-lhes tudo – material para trabalhar, espaços para realizar as actividades, e qualquer outro tipo de incentivo – para que a produção artística possa acontecer e consumida.

Em resultado disso, em Namaacha, os fazedores das artes – em quase todas as áreas – sentem- -se como se fossem meros objectos de decoração nas mãos da administração local que os utiliza sempre que as circunstâncias demandarem. Por exemplo, em resultado disso, por lá, para acontecerem, as actuações dos artistas ainda estão condicionadas, em grande medida, às visitas esporádicas dos membros do governo.

O outro movimento que lhes safa da inércia – mas que ocorre abundantemente nos finais do ano – é a presença de turistas. Posto isso, nenhuma dinâmica artística e cultural se verifica. Pelo que se reporta, grosso modo, os obstáculos que existem face ao desenvolvimento das artes em Namaacha têm a ver com o reconhecimento da importância da arte na socialização e desenvolvimento humano que, consequentemente, gera impactos negativos na consciência sobre a necessidade de haver a prática de mecenato.

Na tentativa de agir contra a situação, os artistas criaram um núcleo local, instrumento a partir do qual se propõem trabalhar colectivamente para a elevação da classe. O drama é que a falta de financiamento – um problema cuja solução não está à vista – continua a dificultar os criadores quanto à continuação da materialização das iniciativas planeadas.

Assim os artistas sentem-se duplamente abandonados: “O que acontece aqui é que cada artista tenta fazer de tudo para que o seu trabalho seja reconhecido, mas em contrapartida os nossos chefes fecham-nos as portas, ao mesmo tempo que nos exploram. Quando procuramos patrocínio, dizem que nunca viram o nosso trabalho”.

A questão que eles apresentam é a seguinte: “Como é que podemos trabalhar sem ter dinheiro para comprar o material, muito em particular, quando se sabe que todos os recursos estão na cidade de Maputo?”

Os fazedores das artes, em Namaacha, lamentam o facto de a administração local tê-los em conta, única e exclusivamente, quando recebe visitas de personalidades do governo central. O pior é que, muitas vezes, segundo narram, a administração local leva os seus objectos artísticos para oferecê-los aos seus hóspedes. O drama é que nunca lhes paga o valor da compra.

Os artistas falam sobre a existência de práticas de intimidação – perpetradas por entidades governamentais – que além de os desgastar só desvirtuam o valor e o sentido que há em ser artista na sociedade.

De uma forma geral, os fazedores de arte consideram que é falso afirmar que aquela classe é improdutiva. Para si, o problema é que os políticos estão muito compenetrados em politiquices e nunca apostam nas artes e na cultura como factores de desenvolvimento.

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