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Aristide regressou ao Haiti em vésperas das eleições

A menos de 48 horas das eleições em que os haitianos irão eleger um novo Presidente, o antigo chefe de Estado Jean-Bertrand Aristide regressou a Port au Prince após sete anos de exílio. Washington receia que o regresso desestabilize o processo eleitoral.

Aristide foi forçado a deixar a presidência do Haiti após ter sido deposto num golpe de Estado em 2004. Esta sexta-feira regressou do exílio na África do Sul, apesar de os Estados Unidos terem manifestado que o facto de voltar ao país poderá causar desestabilização. Há várias semanas que o antigo chefe de Estado haitiano tinha manifestado o desejo de regressar. Foi-lhe devolvido o passaporte diplomático e depois disso anunciou que pretendia regressar rapidamente para contornar a possibilidade de o novo Presidente o impedir de voltar a Port au Prince.

Após uma escala em Dacar, Aristide aterrou esta sexta-feira na capital haitiana, quando eram 9h05 locais (16h05 em Maputo), adiantou a AFP. Desceu do avião e sorrio para as cerca de 50 pessoas que o foram receber, incluindo apoiantes, funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros e mulheres com ramos de flores. A recebê-lo estava também o secretário-geral da presidência haitiana, Fritz Longchamp.

O antigo Presidente haitiano, de 57 anos, tinha sido pressionado pelos EUA e a França para não regressar nesta altura conturbada. Garantiu que não se iria envolver nas eleições e que regressaria “como cidadão”, para ajudar na recuperação do país após o terramoto de Janeiro de 2010 que causou cerca de 300 mil mortos.

Após as conturbadas eleições de Novembro, marcadas por acusações de fraude, os haitianos vão escolher no domingo entre a ex-primeira dama Mirlande Manigat, mulher do antigo Presidente Leslie Manigat, e o músico popular Michel Martelly. No país estarão cerca de 200 observadores da Organização dos Estados Americanos para acompanhar o acto eleitoral, depois de uma primeira volta em que o candidato do partido no poder foi forçado a retirar-se após acusações de fraude a seu favor. Aristide é o segundo antigo Presidente a voltar ao país, após o polémico regresso de Jean-Claude “Baby Doc”, acusado por crimes de guerra e contra a humanidade.

O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança norte-americano, Tommy Vietor, tinha dito que “juntamente com outros membros da comunidade internacional, os EUA receiam que o regresso de Aristide nos dias próximos das eleições possa ser desestabilizador”.

Num telefonema ao Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, reiterou a posição do Presidente norte-americano Barack Obama, que defendeu que o povo haitiano deve escolher os novos governantes em eleições pacíficas e justas. Robert Fatton, especialista em questões do Haiti na Universidade da Virgínia, nos EUA, sublinhou à Reuters que “é claro que a Administração norte-americana não gosta de Aristide e não quer o seu regresso, sobretudo nesta altura”.

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