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Milhares nos funerais de manifestantes mortos na Síria

Milhares de pessoas juntaram-se esta manhã no funeral de dois dos quatro manifestantes mortos nas manifestações de ontem em Deraa, no Sul da Síria, nos primeiros grandes protestos contra o regime de Bashar a-Assad. “Quem quer que mate o seu próprio povo é um traidor”, gritou a multidão que transportava os caixões de Wissam Ayyash e Mahmoud al-Jawabra, mortos pelas forças de segurança quando participavam numa marcha para exigir democracia e um combate à corrupção.

Segundo a Reuters, a polícia lançou granadas de gás lacrimogéneo contra centenas de pessoas que, depois dos funerais, tentaram concentrar-se numa das praças no centro da cidade. Um terceiro manifestante morto foi sepultado horas antes numa aldeia vizinha de Deraa, adiantou a Reuters.

As manifestações estão proibidas ao abrigo das leis de emergência que o partido Baas impôs ao país há quase meio século. Ainda assim, a página no Facebook de onde partiram os apelos às manifestações de ontem – intitulada “A revolução síria contra Bashar al-Assad 2011” – convocou para hoje um novo protesto, desta vez em Homs, 160 quilómetros a norte de Damasco.

“Coordenámos as nossas acções e estamos de acordo, as manifestações começarão junto à mesquita de Dalati ao meio-dia e os manifestantes deverão dirigir-se para os suks”, lê-se na mensagem posta hoje a circular na página, com mais de 50 mil aderentes. Os protestos de ontem, depois de um tímido “dia da raiva” na terça-feira em Damasco, estenderam-se a várias cidades sírias, reunindo nalguns casos dezenas de pessoas, noutros várias centenas, como aconteceu em Deraa.

O regime confirmou os incidentes na cidade. “Algumas pessoas aproveitaram uma reunião em Deraa, junto à mesquita Al-Omari, para provocar a anarquia através de actos violentos, provocando danos materiais”, noticiou a agência Sana, sem fazer referência a feridos. Na capital, agentes à paisana dispersaram, com bastões, a manifestação organizada junto à mesquita Omíada, havendo relatos de que pelo menos duas pessoas foram presas.

Depois da revolução na Tunísia, o Presidente sírio, que em 2000 herdou o poder do pai, Hafez al-Assad, prometeu reformas políticas e a anunciou o fim da proibição ao Facebook, a que milhões de jovens sírios já acediam através servidores paralelos.

Mas nem as promessas, nem o forte aparelho repressivo do regime – esta semana foram detidos vários opositores – foram suficientes para calar a contestação num país governado desde 1963 ao abrigo de leis de emergência e onde têm crescido as desigualdades – apesar do crescimento económico dos últimos anos, 14 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza. “Exigimos os nossos direitos, a dignidade para os sírios”, anunciaram os organizadores dos protestos.

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