Olá a todos!
Continuo atracado nas margens do Douro, embora de vez em quando a embarcação suba e/ou desça a encosta, o Porto continua a ser ainda o meu porto seguro.
Enquanto andei por estas paragens testemunhei, antes e agora, dois processos que me despertam certo interesse. O primeiro é o melhoramento das infra-estruturas derivado do investimento público efectuado no concelho. Já me tinha referido a este aspecto. O segundo é a aposta na cultura como sendo um dos eixos motores para a galvanização da interacção social e da própria economia.
A divulgação, séria, do Jazz tem tido, também, a sua contribuição para que este processo resulte com efeitos positivos. A região do grande Porto tem dois concelhos que se confundem com a própria cidade do Porto pela distância que os separa. Faço sem grande esforço uma caminhada a pé do edifício da Câmara de Porto à Câmara de Vila Nova de Gaia; do Porto até Matosinhos, em vinte minutos, de bicicleta, estou lá. Com o metro esta questão de locomoção fica muito mais facilitada.
Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos têm os seus próprios festivais de jazz anual que estão distribuídos ao longo do ano com agendas bem diversificadas mas que conseguem ao mesmo tempo trazer ao de cima o principal objectivo que é a divulgação desta forma de expressão cultural através da apresentação de espectáculos e programas de ensinamento; lembro-me de em tempos um tal senhor Manuel Seabra que ocupou o cargo de Presidente da Câmara de Matosinhos ter sido o verdadeiro motor para este processo. Matosinhos tem uma orquestra de jazz de peso; tem um clube de jazz com conceito bem definido, tem um programa de ensinamento de jazz nas escolas que corre o ano todo e que culmina com a celebração do festival Matosinhos em Jazz. Esta tem sido uma forma de acção que se tem consolidado ao longo destes anos todos.
O jazz por aqui está mesmo no ar. O Porto tem uma escola de jazz. No outro dia, numa visita ocasional que fiz à incontornável loja FNAC tive o prazer de assistir, gratuitamente, a uma performance de uma banda denominada Combo S, um quinteto, produto da referida escola. Acredito que para muitos que cá vivem, os naturais, estes aspectos devem-lhes passar ao lado o que não será por falta de divulgação, mas sim de interesse, pois cada um come o que gosta como já dizia o sempre célebre João Bosco.
A Casa da Música, situada mesmo na rotunda da Boavista, que antes, na sua fase de projecto, gerou todo um rol de polémicas nos meios políticos, técnicos e intelectuais, veio provar que a edificação da mesma no contexto em que se pretendia foi uma aposta ganha. Quero, noutra ocasião, dedicar um momento especial sobre ela para que partilhem comigo o que de mágico está a acontece naquele edifício.
Contudo, não posso deixar de falar da minha primeira visita à sala, principal, de espectáculo da mesma que tem como nome Sala Suggia, em homenagem à violoncelista Guilhermina Suggia. Fui presenteado com o jazz experimental e de improvisação livre do saxofonista John Zorn, que se fez acompanhar pelo percussionista Cyro Baptista que já tocou com nomes como Milton Nascimento, Herbie Hancock, e outros nomes da world music e ainda as duas especialistas em Txalaparta, o duo de percussionistas bascas Maika e Sara Gómez. Não me resta espaço para vos falar dos pormenores, por aqui me despeço com abraços, beijos e carinhos desde
o Douro.