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Annan condena “crime terrível” em visita à Síria

O enviado de paz Kofi Annan descreveu, esta Segunda-feira, a morte de pelo menos 108 pessoas na cidade síria de Houla como “um crime terrível”, e pediu ao presidente Bashar al Assad provas firmes de que ele quer uma solução pacífica para a crise que assola o país.

As forças de Assad mataram pelo menos 41 pessoas num ataque de artilharia sobre a cidade de Hama, esta segunda-feira, disseram os activistas, apenas horas depois de o Conselho de Segurança da ONU condenar o massacre em Houla, que aconteceu, Sexta-feira.

Com o aumento da crítica internacional às tentativas de Assad de esmagar uma revolta que já dura 14 meses, e que agora é acompanhada por uma insurgência levemente armada, o enviado da ONU e da Liga Árabe Annan chegou a Damasco para conversar sobre o seu plano de paz.

Ele, explicitamente, pediu ao governo sírio para “tomar medidas ousadas para sinalizar que está sério na sua intenção de resolver a crise pacificamente”, antes de acrescentar que “esta mensagem de paz não é só para o governo, mas para todos com uma arma”.

A Rússia e a China, que, no passado, tinham vetado resoluções condenando Assad, aprovaram um texto em Nova York que criticou o uso de artilharia e tanques contra casas em Houla, mas recusaram-se a culpar apenas o governo.

Os rebeldes não têm artilharia e tanques. A China usou palavras fortes sobre os assassinatos. “A China sente-se profundamente chocada pelo grande número de vítimas civis em Houla, e condena nos mais duros termos as cruéis mortes de cidadãos comuns, especialmente mulheres e crianças”, disse Liu Weimin, porta-voz da chancelaria chinesa.

Os monitores da ONU disserem que pelo menos 108 pessoas morreram em Houla, entre eles dezenas de crianças. Muitas das vítimas também foram feridas até a morte ou levaram tiros à queima-roupa, segundo os activistas.

Os activistas da oposição disseram que as forças de Assad bombardearam Houla depois de um protesto, e então entraram em confronto com membros da insurgência sunita que tenta derrubar Assad, membro da seita minoritária alauita.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ao Conselho de Segurança que estas mortes poderiam ter sido obra dos rebeldes ou de forças governamentais que se moveram depois do bombardeio.

“Estamos a lidar com uma situação em que ambos os lados, evidentemente, tinham uma responsabilidade pela morte de pessoas inocentes”, afirmou o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, numa entrevista colectiva com o colega britânico em visita, William Hague.

Plano de Annan

Tanto a Rússia quanto a China têm resistido a fazer parte das sanções ocidentais e da Liga Árabe contra Assad. Ambos reafirmaram, esta Segunda-feira, que o plano de Annan, aceite por ambas as partes no conflito, era a única forma de avançar para a paz.

O plano prevê que as armas pesadas sejam retiradas das cidades, abrindo caminho para o fim dos combates e um diálogo entre os dois lados.

Mas o ataque em Hama, um centro de resistência já devastado pela artilharia de Assad este ano, foi um lembrete de que o acordo, policiado por apenas 300 monitores, fez pouco para conter a violência.

“O plano de seis pontos deve ser implementado de forma abrangente, e isso não está a acontecer”, disse Annan.

Fontes da oposição disseram que os tanques e os blindados sírios abriram fogo, Domingo, em vários bairros de Hama, depois de ataques cometidos por rebeldes do Exército Sírio Livre contra bloqueios viários e outras posições do governo.

Em nota, o Conselho da Liderança da Revolução em Hama disse que “os disparos de tanques derrubaram vários edifícios. Os seus moradores foram retirados dos escombros”. A nota disse que havia cinco mulheres entre os mortos.

Os relatos não puderam ser verificados de forma independente. O embaixador sírio na ONU, Bashar Ja’afari, reiterou a negação do seu governo, dizendo que o massacre foi obra de “grupos terroristas armados”, termo que o governo sírio usa para os rebeldes.

Ele disse tratar-se de um “tsunami de mentiras” as acusações dos emissários britânicos, franceses e alemães que culpam o governo pelo massacre, um dos piores duma revolta que já custou mais de 10.000 vidas.

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