O município de Angoche, na província de Nampula, está desprovido de energia eléctrica desde quinta-feira (27) passada e em consequência disso nenhuma torneira jorra água, desde sexta-feira (28). Os prejuízos decorrentes dessa situação aumentam perante a indiferença da Electricidade de Moçambique (EDM) e do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG), que nenhuma explicação sobre a origem do problema dão aos clientes.
Refira-se que recentemente as cidades da Beira e de Chimoio, nas províncias de Sofala e Manica, permaneceram mais de 10 dias às escuras devido a uma avaria grossa na Subestação de Chibata. Entretanto, apesar da reparação daquela unidade, ainda se consome uma energia sem qualidade. E, pese embora os prejuízos decorrentes do apagão, o PCA da EDM, Augusto Fernando, disse que se tratou de um fenómeno de “força maior”, o qual não abre espaço para compensações uma vez que Moçambique não é único país afectado por cortes generalizados.
Segundo os citadinos de Angoche, o problema de energia transcende a gestão da EDM local desde 2004, altura em que os postes de transporte instalados em 1996, pela Line Big, começaram a ficar obsoletos. Desde esse período a esta parte, as restrições e cortes têm sido várias.
Pessoas entendidas na matéria, residentes naquele município, explicaram ao @Verdade que a EDM sobrecarregou a linha de transporte de corrente eléctrica com a instalação de um Posto de Transformação (PT) para abastecer as Areias Pesadas de Sangage, desde o princípio de 2013.
No mesmo ano, no âmbito de uma campanha eleitoral da Frelimo, o governo de Angoche expandiu o fornecimento para todo o município e as consequências reflectiram-se na qualidade da energia fornecida.
Perante tanto sofrimento para dispor de um serviço de energia eléctrica, algumas organizações da sociedade civil em Angoche realizaram um estudo, o qual concluiu que, sem exagero, a cidade não permanece dois dias seguidos sem registar pelo menos um corte. Desde 2008, todos os fins do ano – 2013 foi excepção – são passados às escuras.
Um registo feito pelas mesmas organizações indica só em Fevereiro último houve 40 oscilações e 30 cortes de energia com a duração média de três horas cada. Estes cortes não incluem os foram previamente comunicados para efeitos de manutenção.
Neste momento, as gasolineiras não funcionam devido à falta de energia e os agentes económicos somam prejuízos. A instituição bancária existente naquele ponto do país, as Telecomunicações de Moçambique (TDM) e o hospital local funcionam com recurso a um gerador. Sobre este assunto, não foi possível ouvir o posicionamento da EDM por indisponibilidade dos gestores.