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Anabel Ochoa (1955 – 2008) – 53 anos

Reiterava que se falasse de sexo de uma forma clara, numa linguagem simples, não havendo grande volta a dar à exposição do tema. O seu tom era duro, se bem que não ofensivo. “Não acredito que existam morais. Creio que são, defi nitivamente, máscaras.

Existe a economia e o poder; ambas estão ligadas e a partir daí inventamos normas onde quem tem o poder e o dinheiro é que manda. Se devemos algo às vítimas da SIDA foi o facto de nos obrigarem a falar de sexualidade. Se não existisse uma doença mortal continuaríamos com uma moral dupla, sem nos darmos conta da falta que a informação fazia à sociedade.”

As palavras são de Anabel Ochoa sexóloga, escritora, radialista, comunicadora nascida em Bilbau, Espanha, em 1955, e falecida na passada quarta-feira no México – país onde residia há 20 anos – vítima de uma embolia. O corpo foi cremado e as cinzas trasladadas para a Riviera Maia (Quintana Roo) onde foram lançadas ao mar na passada sexta-feira como era seu desejo. “Ela nasceu em Espanha mas amava este país [México]. O que mais apreciava era o ‘mariachi’ (dança tradicional mexicana). O seu legado há-de permanecer na vida das pessoas com quem se cruzou”, comentou a sua fi lha, a actriz Diana Lein.

Actualmente, Anabel conduzia um programa radiofónico sobre sexualidade, onde, com uma inconfundível voz rouca, falava do tema sem preconceitos nem tabus. Com as suas posições derrubava frequentemente o socialmente correcto. “O que se diz agora é que a sexualidade das mulheres foi algo inventado pelos homens, porque tudo foi feito por eles. A ciência, a química, a matemática foi feita por eles, ninguém perguntou nada às mulheres: – Qual é a tua sexualidade? Agora a pergunta que devemos colocar às mulheres é: – O que entendes pela tua sexualidade?”

Sobre as minorias sexuais, Anabel tinha uma posição muito clara: “No ofício da sexualidade não devemos falar de minorias sexuais. Os homossexuais e as lésbicas possuem formas próprias de viver a sexualidade. Tudo depende da maneira como se vêem as coisas. Um dos problemas mais graves que temos nas sociedades de hoje é pensarmos que ser homossexual é crime, havendo o direito de os perseguir. Criminoso é quem viola ou quem abusa.”

Em 2001, Anabel fez uma incursão como actriz na peça ‘Monólogos da Vagina’ da autoria de Eva Ensler. Pelo seu desempenho recebeu um prémio instituído pela Associação de Críticos Teatrais do México. Foi ainda directora da revista ‘Desnudarse’. Entre os seus livros destacam-se: ‘Tras el Falo’, ‘Mitos y realidades del sexo joven’, ‘La palabra común. Diccionario erótico’ e ‘Vida en Pareja’.

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