A proibição dos véus cobrindo o rosto das mulheres na França e na Bélgica e o facto de outros países europeus não impedirem os empregadores de exigirem vestimentas informais são factores que privam as muçulmanas de empregos e educação, afirmou a Amnistia Internacional, esta Terça-feira.
Num abrangente relatório que salienta exemplos de discriminação contra as muçulmanas de toda a Europa, a Amnistia disse que os governos estão cedendo aos preconceitos ao impedir as muçulmanas de cobrirem os seus rostos com véus.
A entidade pediu para a França e a Bélgica revogarem a proibição dessa peça. “As mulheres muçulmanas estão a ser privadas de empregos, e as meninas estão a ser impedidas de assistirem aulas regulares só porque usam vestimentas tradicionais”, disse o pesquisador Marco Perolini, da Amnistia.
“Ao invés de contraporem-se a esses preconceitos, os partidos políticos e as autoridades estão com bastante frequência a ceder a eles na sua busca por votos”, acrescentou.
A entidade de direitos humanos disse também que os países como Bélgica, França, Suíça e Holanda não estão a punir os empregadores que, sob a alegação de neutralidade, de protecção da imagem corporativa ou de agradar os clientes, proíbem que as suas funcionárias vistam trajes religiosos, como os lenços usados sobre a cabeça por muitas muçulmanas.
Nesses e noutros países as alunas também são impedidas de usar roupas tradicionais ou religiosas nas escolas.
“As mulheres deveriam poder vestir o que preferirem… Os Estados têm focado demais nos últimos anos no uso dos véus no rosto inteiro, como se essa prática fosse a mais disseminada e convincente forma de desigualdade que as mulheres têm de enfrentar”, diz o relatório.
A Amnistia pediu à União Europeia para assegurar a implementação adequada nos 27 Estados membros da legislação que proíbe a discriminação patronal por motivos de crença ou religião.
O grupo pediu aos líderes europeus para evitarem adoptar proibições ao uso de trajes religiosos ou tradicionais nas escolas ou universidades.
A França proibiu há um ano o uso público de véus que cobrem o rosto, e a Bélgica fez o mesmo em Julho passado. Propostas semelhantes tramitam na Holanda, na Itália e nalgumas regiões espanholas.