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Autárquicas 2013: “Ainda não temos água canalizada” Marta Romeu, edil de Marrupa

Marta Romeu, edil da vila municipal de Marrupa, faz uma avaliação positiva do seu mandato, afirmando que cumpriu em cerca de 98 porcento as actividades planificadas. Porém, apesar de alguns avanços nestes primeiros anos de municipalização, a falta de água continua a ser um dos principais problemas do município. A nível da vila, esta não é canalizada, e os munícipes recorrem a furos mecânicos. Romeu acrescenta que, embora as receitas municipais tendam a crescer anualmente, a edilidade não dispõe de condições financeiras suficientes para fornecer o precioso líquido a toda a população.

@Verdade – Qual é o balanço que faz do seu mandato, tendo em conta os primeiros anos de municipalização da vila de Marrupa?

Marta Romeu (MR) – Como se tratava do início da municipalização da vila de Marrupa foi uma boa aprendizagem e avaliamos o grau de cumprimento do manifesto em 98 porcento. Para nós, a avaliação é positiva e as restantes actividades planificadas para este mandato, até ao final do mês em curso (Junho), serão concluídas, de acordo com aquilo que são os investimentos que nós prometemos aos munícipes desta vila.

@V – Que actividades foram realizadas aolongo dos cinco anos na área social?

MR – Na área social, o nosso maior desafio era a expansão da rede sanitária e a educação. Em todo o raio municipal, nós conseguimos construir quatro escolas e os respectivos blocos administrativos. E, em contacto com os Governos distrital, provincial e central, expandimos para as zonas onde não existiam sequer uma instituição de ensino. Nós, como Conselho Municipal, construímos e equipámos algumas e outras apenas construímos como nosso compromisso naquele momento.

No que diz respeito à área de saúde, a nível do município de Marrupa apenas tínhamos o centro de saúde para toda a população. Neste ano, estamos a construir um posto de saúde, o que já era a nossa promessa. Porém, presentemente, porque achamos que havia a necessidade, estamos a construir outra unidade sanitária de modo a aliviar o sofrimento dos munícipes. Também adquirimos um carro funerário.

@V – No que diz respeito à urbanização, o que a edilidade fez nestes anos?

MR – Na área de urbanização, Marrupa tinha apenas uma única estrada, que é a principal, mas felizmente já temos várias ruas. Já fizemos 13 quilómetros dentro da área municipal. Apenas fizemos as estradas, o que era o nosso compromisso, e não incluía a asfaltagem das mesmas, pois as nossas capacidades não permitiam e, com as experiências que tivemos, vamos ver se podemos fazer isso com aquilo que são as nossas receitas locais.

Fora disso, também tivemos desafios no que respeita aos mercados. Construímos mercados rurais. No raio municipal, fizemos um mercado maior que cobre as necessidades dos munícipes e eles livremente fazem o seu negócio. Também organizámos os mercados e, dentro deste ano, temos o objectivo de expandir os mesmos para os bairros suburbanos de modo que as pessoas não tenham de percorrer longas distâncias para fazer as compras ou dedicarem-se à actividade comercial.

@V – O acesso a água potável ainda é precário em Marrupa e não há água canalizada no município. Quais foram as actividades levadas a cabo para mudar essa situação?

MR – Infelizmente, não temos água canalizada, só temos furos mecânicos. É o nosso desafio e também foi o nosso compromisso. Como município, durante o nosso mandato nós fizemos alguns furos de água. Estamos a lutar para ter água canalizada aqui em Marrupa, que chegue a todos. Mesmo assim, com os nossos próprios fundos perfurámos a terra à procura de água, mas gastámos muito dinheiro. No ano passado abrimos seis furos e gastámos cerca de dois milhões de meticais.

Esse dinheiro é muito, porque, apesar de fazer a abertura, sempre que o empreiteiro não encontrasse água, tinha de continuar a perfurar, e ele gastava mais. Quando se trata de um trabalho, ambos devemos sair a ganhar, o povo ganha e o empreiteiro também. Mas neste caso o empreiteiro saiu a perder, e nós conseguimos os furos de água porque nós não pagamos os poços negativos e automaticamente ele tinha de lutar para conseguir encontrar água e, felizmente, conseguiu fazer, embora com muito desgaste.

Este ano lançámos o concurso e ele não quis concorrer. Mas o nível de consumo de água já subiu. Ainda queremos dar água a Marrupa. Queremos, sim, água canalizada; é um desafio. O rio que existe dista 30 quilómetros, precisa-se de muitos recursos, muito dinheiro, mas nós temos vindo a fazer de tudo e os munícipes também participam, pagando as suas obrigações fiscais.

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@V – As receitas obtidas pelo Conselho Municipal não são suficientes para levar água canalizada aos munícipes?

MR – No primeiro ano, tivemos como receitas locais cerca de 300 mil meticais de impostos e de pagamento de algumas taxas. No ano seguinte, arrecadámos 600 mil, depois subimos para 800 mil e, em 2012, atingimos pouco mais de um milhão e meio. É importante referir que é nosso interesse descobrir novas formas de obter receitas para o desenvolvimento das nossas actividades.

Mas, com um milhão de meticais, trazer água da zona de Missalo para a vila vai ser impossível. O primeiro estudo fazia referência ao facto de que eram necessários cerca de 30 mil dólares norte-americanos. Esse valor é muito elevado. Desde 2009, temos vindo a fazer contactos. Com os nossos fundos próprios, é impossível termos água canalizada em Marrupa.

@V – A que se deve o incremento das receitas municipais?

MR – Uma parte deveu-se à transferência de algumas taxas, é o caso de taxa de veículos, apesar de não existirem muitas viaturas em Marrupa, mas ajudou- -nos bastante. E outra tem a ver com alguns impostos que o município colectou através do Balcão de Atendimento Único (BAU), que funciona no Conselho Municipal.

Além disso, também devido ao actual estágio de comércio a nível do município, há muito interesse, ou seja, há cada vez mais pessoas interessadas em investir em Marrupa, mas há um facto que nos preocupa: Refiro-me à banca. Não existe banco nesta vila, pois as instituições bancárias acreditam que não existem comerciantes por aqui. Portanto, a nossa vontade é ver o comércio a crescer. Na verdade, a nossa maior fonte de receitas são os mercados.

@V – O comércio informal é uma actividade que preocupa as autoridades municipais?

MR – É, sim, uma situação que nos preocupa. O comércio informal ainda continua a ganhar terreno a nível do município, porque antes da municipalização muitos estabelecimentos comerciais estavam fechados e a população passou a dedicar-se ao negócio informal. Mas presentemente todos os estabelecimentos estão em funcionamento.

Diga-se de passagem, o crescimento do município não depende somente do Conselho Municipal porque este é apenas um grupo de pessoas que trabalham para os munícipes. É importante que haja o envolvimento de cada cidadão. Com esta dinâmica existente entre o Conselho Municipal e os munícipes conseguimos levar a nossa vila para frente. A luta é ver tudo a andar.

@V – Por que é que o município não dispõe ainda de transporte público municipal?

MR – Este não é o nosso desafio. O nosso desafio na área de transporte, em coordenação com o governo do distrito, sobretudo no que diz respeito ao Fundo de Desenvolvimento Distrital, era criar condições para que os munícipes submetessem algumas propostas para a aquisição de veículos para o exercício da actividade. Houve alguns operadores que tiveram a ousadia, mas a actividade tornou-se pesada para eles, uma vez que não tiveram rendimento.

A nossa vila é muito pequena, mas, apesar disso, vimos que precisávamos de transporte para permitir a deslocação das pessoas. Marrupa está, cada vez mais, a crescer e a questão de transporte pode ser o nosso desafio posteriormente. O transporte interdistrital só é feito no período de manhã, ou seja, quem quer viajar tem de fazê-lo entre às 03h00 e às 4h30; depois disso é impossível obter transporte. Cabe a nós como Conselho Muncipal incentivar essa actividade.

@V – Não será Marrupa um município que depende das cidades de Lichinga e Cuamba para crescer?

MR – Primeiro, dizer que depende do ponto de vista de cada um. Nós trocámos experiências, como Conselho Municipal e Assembleia Municipal de Marrupa, com outros municípios. Se não tivéssemos essa experiência, não poderíamos ter atingido os níveis que atingimos. Para quem visitou Marrupa antes da municipalização, pode pensar que a vila estava assim como está hoje, mas na verdade muita coisa mudou e isso foi graças às experiências que tivemos com os outros municípios.

@V – Pensa em recandidatar-se?

MR – A vontade de continuar a trabalhar ainda existe. Ainda tenho energia para servir. Caso os munícipes voltem a depositar confiança em mim, vou levar Marrupa a bom porto.

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