A polícia chinesa informou, Quinta-feira, ao artista e dissidente Ai Weiwei que ele está proibido de viajar, porque precisará de responder pelas acusações de bigamia e pornografia.
A ameaça surge logo depois da suspensão das restrições relacionadas à sua liberdade condicional, num processo relativo a supostos crimes económicos.
Quinta-feira, Ai pôde sair de casa pela primeira vez sem informar o seu destino à polícia, mas no mesmo dia as autoridades informaram-lhe que ele era “suspeito de outros crimes”, como pornografia, bigamia e negociação ilegal de divisas, segundo o relato do próprio artista à Reuters.
“Se recuperar metade da minha liberdade significa que sou livre, então sou uma pessoa livre”, disse ele. “Mas estão a restringir a minha capacidade de viajar, e continuam a tentar fabricar acusações.”
Ai é o mais proeminente crítico do governo chinês, e os novos cerceamentos devem causar indignação entre seus apoiantes e na comunidade internacional.
A polícia de Pequim não se manifestou sobre o assunto. Segundo o artista, a acusação de pornografia decorre de uma foto de 2010 em que ele e quatro mulheres aparecem nus num estúdio.
A polícia disse a ele que a foto foi vista mais de mil vezes na internet, e que na prática isso significa que ele está a difundir conteúdo pornográfico.
Ai disse que as quatro mulheres postaram a foto na internet “como piada”. “Nunca nos tocamos. Não é nada. Ninguém vai dizer que é pornografia”, disse ele.
Ai, que é casado, também nega a acusação de bigamia. Ele mantém ostensivamente uma namorada, com quem tem um filho de três anos.