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Ahmadinejad ordena produção de urânio altamente enriquecido

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ordenou este domingo o início da produção de urânio altamente enriquecido, diante da falta de acordo para a troca de combustível nuclear com as grandes potências, acusadas de “brincar” com o Irão nas negociações.

Ahmadinejad fez o anúncio poucos dias depois de ter afirmado que o Irão não teria problemas para aceitar um eventual intercâmbio. “Eu afirmei: demos de dois a três meses e, se não estiverem de acordo, começaremos nós mesmos a produzir urânio altamente enriquecido”, declarou Ahmadinejad na inauguração de uma exposição dedicada à tecnologia laser.

“Também dissemos recentemente: vamos fazer uma troca (de urânio iraniano levemente enriquecido por combustível enriquecido a 20% pelas grandes potências), mas somos capazes de produzir urânio a 20%”, explicou o presidente iraniano. “Mas começaram a brincar conosco, apesar de terem enviado mensagens de que queriam encontrar uma solução”, completou.

No sábado, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Laridjani (ligado ao Guia Supremo da República, o aiatolá Ali Khamenei, notoriamente contrário ao acordo), endureceu o tom ao acusar os ocidentais de “enganar o Irão” para “roubar o urânio enriquecido”. Vários países ocidentais acusam o Irã de tentar produzir armamento nuclear sob o pretexto de um programa nuclear civil, o que Teerão nega.

Pouco depois, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, pediu à comunidade internacional uma frente conjunta para pressionar o governo iraniano. “Se a comunidade internacional fizer uma frente comum para pressionar o governo iraniano, acredito que ainda estamos a tempo de que as sanções e as pressões funcionem”, declarou Gates em uma entrevista coletiva em Roma ao lado do colega italiano, Ignazio La Russa. “Mas temos que trabalhar juntos”, disse.

“Ninguém tentou dialogar com o Irão mais sinceramente que o presidente (Barack) Obama. E a comunidade internacional deu ao governo iraniano múltiplas chances de apresentar garantias de sua intenções em relação ao programa nuclear”. “Mas até agora os resultados foram decepcionantes”, completou. O anúncio levou o Foreign Office (ministério britânico das Relações Exteriores) a expressar uma “profunda preocupação”.

“Isto violaria de forma deliberada cinco resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou uma fonte do Foreign Office. O diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), Ali Akbar Salehi, afirmou neste domingo que ainda é possível um acordo para a troca de urânio entre o Irã e as grandes potências, mas destacou que resta pouco tempo, segundo a agência Fars.

A questão do enriquecimento de urânio é o eixo da divergência, já que o urânio levemente enriquecido (entre 3 e 5%) é utilizado como combustível nas centrais elétricas nucleares, mas com um enriquecimento de 90% é possível fabricar uma bomba atômica. “Ahora, Dr. Salehi, comece a produzir urânio a 20% com nossas centrífugas”, disse Ahmadinejad ao diretor da OIEA.

O Irão rejeitou em novembro uma proposta feita em 21 de outubro pelo Grupo dos Seis (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha, Alemanha) para o envio, em apenas uma entrega, da maior parte de suas reservas de urânio levemente enriquecido a Rússia e a França, para ser transformado por estes países em combustível para o reator de Teerão.

O Irão deu prazo até o fim de janeiro aos Grupo 5+1 para que este aceitasse uma entrega de combustível com as condições fixadas pelo governo iraniano, ou seja, uma troca simultânea e em pequenas quantidades. Ameaçado com novas sanções internacionais, Teerã parecia ter flexibilizado sua posição nas últimas semanas.

Em 2 de fevereiro, Ahmadinejad afirmou que não via problemas para um intercâmbio, mas não mencionou as condições. A comunidade internacional reagiu com desconfiança e pediu ao Irão que traduzisse em atos suas palavras com uma contraproposta à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que no sábado ainda aguardava a oferta.

“A porta segue abierta para discussões, não fechamos”, disse Ahmadinejad neste domingo, mas ressaltando que uma eventual troca de combustível nuclear entre o Irã e as grandes potências deve ser “incondicional”. Ele concluiu com o anúncio de que o Irã é capaz de enriquecer urânio com a tecnologia laser, que se soma à centrífuga utilizada até o momento pelo país.

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