O Bispo Anglicano Jo Seoka, um dos mediadores da crise no sector da platina e membro da Comissão Farlam – entidade que investiga o massacre de Marikana que vitimou mais de 30 mineiros em 2012 – defende, segunda-feira (09), o envolvimento do partido para a Emancipação da Liberdade Económica (EFF) na greve do sector de platina, que se arrasta desde 23 de Janeiro último, em reivindicação de um salário básico de 12.500 rands por mês.
Segundo Jo Seoka, que falava à rádio SAfm (uma das 18 estações emissoras da cadeia de rádios e televisões públicas da África do Sul, SABC), o advogado Dali Mpofu, membro do EFF, não faz parte da greve como membro do seu partido, mas, sim, como representante legal dos mineiros detidos.
Jo Seoka respondia aos comentários de Gwede Mantashe, secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), que disse que a greve no sector de platina tinha se transformado em uma batalha política, supostamente devido ao facto de o partido de Julius Malema estar a fazer parte das negociações.
No último domingo (08), Mantashe disse que o ANC estava preocupado com a posição do Sindicato dos Mineiros e dos Trabalhadores do Ramo das Construções (Amcu) por ter apelidado o patronato de “estrangeiros brancos”.
“A posição do Amcu (…) não passa de uma tentativa de colocar a força estrangeira na desestabilização da nossa economia. Estamos preocupados, também, com a participação directa do EFF nas negociações. E eles contam com a colaboração de forças estrangeiras, o que fez com que o ANC recomendasse ao ministro dos Recursos Minerais para resolver a disputa na platina com muito cuidado”, acrescentou Mantashe.
“Felizmente o discurso de Mantashe será corrigido ao longo do dia. Acredito que o seu discurso é infeliz visto que estamos prestes a alcançar uma solução… O ministro dos Recursos Minerais fez o seu máximo… As partes estão em negociações… Existe uma luz no fundo do túnel”, comentou o Bispo em entrevista àquela rádio.
Refira-se que o advogado Dali Mpofu, antigo Presidente do Conselho de Administração (PCA) da SABC, é o representante legal dos mineiros detidos e das famílias dos mineiros mortos em Agosto de 2012, para além de ser membro do EFF. Ele foi candidato derrotado desta formação ao cargo de governador da província de Gauteng (cidades de Pretória e de Joanesburgo) nas eleições gerais de Maio último.
Os mineiros recusaram, até aqui, todas as ofertas do patronato que incluem um aumento faseado até que se atinja os 12.500 rands, em 2017. Na última semana, o ministro dos Recursos Minerais, Ngoako Ramatlhodi, nomeou uma equipa para intermediar o desacordo.