A África do Sul assinalou na última sexta-feira (05) a passagem do primeiro ano depois da morte de Nelson Mandela. “Os sul-africanos continuam fiéis ao legado do meu avô que se traduz na paz e na reconciliação” afirmou Ndileka Mandela, neta do antigo Presidente e ícon da luta contra a segregação racial, o apartheid. Entretanto no seio da família Mandela prosseguem as disputas pelo controlo dos bens.
O primeiro ano sem Madiba, como carinhosamente os sul-africanos chamavam Nelson Mandela, foi assinalado por diversas actividades que tinham como objectivo a celebração dos seus feitos ainda em vida.
Quando o Presidente Jacob Zuma, a 5 de Dezembro de 2013, anunciou à nação e ao mundo o desaparecimento físico de Mandela, muito se cogitou em torno do futuro da África do Sul.
Nelson Mandela era tido como o garante da paz e da harmonia entre as difentes raças na “pátria do arco-íris”. Chegou-se a pensar que a minoria branca, a que detêm o poder económico no país, teria um futuro incerto e temia-se que a maioria negra tomasse de assalto os seus bens. Entretanto, passados 12 meses sem Mandela, a vida no país continua a decorrer normalmente.
A neta de Madiba, Ndileka Mandela, defende que o povo sul-africano escolheu a paz como forma de salvaguardar o legado do seu avô. “Muitas vozes defendiam que com a morte de Mandela o país iria arder. Os sul-africanos continuam fiéis ao legado do meu avô que se traduz na paz e na reconciliação,” afirmou.
Guerra no clã Mandela
Apesar de os sul-africanos terem optado pela paz e reconciliação, o mesmo não se pode dizer da família Mandela. Ndileka Mandela defendeu que quando a família se reúne tem celebrado mais a vida de Mandela do que as diferenças existentes. “Em qualquer família existem desentendimentos e nós não somos diferentes dos demais,” acrescentou.
Disputas Winnie Madikizela-Mandela disse nesta terça-feira não acreditar que a viúva de Nelson Mandela, Graça Machel, venha a herdar a propriedade de Qunu (terra natal de Madiba) por esta ser dona “de todo o mundo em Moçambique”.
“Esta propriedade é minha e a tive-a quando Mandela se encontrava detido na Ilha Robben,” defendeu Winnie ao jornal Dail Dispatch.
Em Outubro último, o advogado de Winnie, Mvuzo Notyesi, disse à Agência Sul-africana de Notícias (Sapa, sigla em inglês), que se opunha ao último testamento de Mandela e que um caso estava a ser movido perante o Tribunal de Mthatha, com vista a reivindicar a posse da casa de Qunu por parte da sua cliente.
Este caso surge depois de a antiga esposa de Mandela não ter sido contemplada no testemento do primeiro Presidente negro da África do Sul.
Minha casa
“Deixei-o viver na minha casa. Não o iria expulsar simplesmente por ter casado com a sua terceira esposa. É triste ele não estar aqui para se explicar e informar-me dos motivos que o levaram a oferecer a minha terra a alguém que tem todo o mundo em Moçambique, visto que ela tem as suas quatro casas naquele país,” defendeu Winnie.
O clã de Mandela, os AbaThembu, através do seu porta-voz, Daludumo Mtirara, defendeu que Winnie Madikizela-Mandela deveria ter consultado os anciãos antes de levar os seus problemas aos media. “Ela deveria ter sido bem informada dos costumes dos AbaThembu. Entretanto, a mamã Nosizwe (Graça Machel) é o nosso ponto de entrada na casa de Mandela, independentemente de qualquer questão,” acrescentou.