Numa nota intitulada “Afinal porquê se esforçam em transferir o caos para cá?”, da autoria do blogueiro Noa Inácio, no facebook, o debate sobre o desejo da Federação Moçambicana de Transportes, de aumentar o custo daquele meio – essencial à sobrevivência dos cidadãos da periferia das grandes cidades –, dos actuais 7,5 meticais para 18 por viagem arrancou com opiniões fervorosas.
Noa, para lançar o debate, recupera uma afirmação de Graça Machel segundo a qual “alguém pretende sabotar o Chefe de Estado.” Para justificar tal “sabotagem” o bloguista agarra-se à inexistência de condições económicas para que se aplique o custo real dos transportes. Por outro lado, olha para o salário mínimo e o contexto de convulsões sociais nos países do Magrebe como um sinal inequívoco de que há cabala contra Armando Guebuza.
Alguns usuários daquela rede social defendem que, mais do que os actos de sabotagem ao mandato de Armando Guebuza, se não estiverem reunidas condições sociais, tanto económicas assim como políticas, não haverá, independentemente de qualquer anúncio de aumento do transporte, convulsão social no país.
“As convulsões sociais só acontecem quando há condições objectivas reunidas quer sociais, económicas ou políticas (…) por isso, mesmo que, Rogério Manuel da CTA [Confederação das Associações Económicas de Moçambique] diga o que disser se não existem condições objectivas nenhuma convulso vai acontecer”, diz um dos comentadores.
Por outro lado, há quem crê que elas existem. Até porque, defendem, se a alteração do custo do transporte for efectivada o peso reflectir-se-á no bolso do cidadão comum, o qual reeditará os acontecimentos de 5 de Fevereiro e 1 de Setembro.
“As condições objectivas existem tendo em conta que a alteração se for efectivada trará um peso no bolso do pacato cidadão (…)”, diz Muhamad Yassine, analista político. Em contrapartida, será necessária a intervenção de quem de direito para amainar os ânimos populacionais. Ou seja, “estamos indo a Líbia”, conclui.
Um outro comentador afirma que “me soa a irresponsabilidade de um dirigente da CTA ou de qualquer um fazer defesa da tese do aumento extraordinário do preço dos transportes”, defendendo que as subidas de preço anunciadas “em nada contribuíram para o bem do país”.