Uma delegação do Tribunal Penal Internacional (TPI) foi detida na Líbia porque um dos seus advogados estava levando documentos suspeitos para o filho de Muammar Khaddafi, disseram um advogado líbio e a milícia no sábado.
A advogada australiana Melinda Taylor fazia parte de uma delegação de quatro membros do TPI que viajou até Zintan para se encontrar com Saif al-Isam, capturado no deserto em novembro e preso desde então.
O presidente do tribunal internacional de crimes de guerra disse que os quatro membros estão presos desde quinta-feira e exigiu a libertação imediata.
Numa demonstração do problema da Líbia com milícias locais poderosas e um fraco governo central, a brigada que prendeu o filho de Khaddafi disse que não vai libertar a delegação antes de interrogar os quatro advogados.
O TPI pede a extradição de Saif al-Islam pelos crimes cometidos durante a guerra do ano passado, mas a Líbia quer julgá-lo no próprio país.
“Durante a visita (a Saif al-Islam), a advogada tentou entregar documentos para ele, cartas que representam um perigo para a segurança da Líbia”, disse Ahmed al-Jehani, advogado líbio responsável pelo caso de Saif al-Islam em nome da Líbia e que faz a ligação entre o governo e o TPI, baseado em Haia. Jehani disse que os documentos eram de várias pessoas, incluindo o ex-braço direito de Saif al-Islam, Mohammed Ismail.
Ele acrescentou que documentos em branco, com a assinatura de Saif, também foram encontrados.
“Ela não está na cadeia. Ela está detida numa pousada e os colegas dela estão com ela”, declarou à Reuters. Questionado se ela seria libertada em breve, Jehani respondeu: “Espero que seja hoje”.
Entretanto, em Zintan, uma pequena cidade de 35 mil habitantes, Alajami Ali Ahmed al-Atiri, chefe da brigada que capturou Saif al-Islam, disse que tais planos não existiam. Ele afirmou que material de “espionagem e gravação” foi encontrado quando membros da delegação foram revistados.
“Estamos muito preocupados com a segurança da nossa equipe devido à ausência de qualquer contato com ela”, disse num comunicado no sábado o juiz presidente do TPI, Sang-Hyun Song.
“Esses quatro funcionários públicos internacionais têm imunidade quando estão numa missão oficial do TPI. Peço às autoridades líbias que tomem imediatamente as medidas necessárias para garantir a segurança deles e para libertá-los”, concluiu.