Activistas apoiantes dos direitos humanos reivindicaram neste sábado em Cabul às autoridades afegãs que actuem para conter o aumento da violência contra a mulher no Afeganistão, no primeiro aniversário do brutal linchamento da jovem Farkhonda que mostrou ao mundo a difícil situação das mulheres no país asiático.
“A Justiça não serviu adequadamente no caso de Farkhonda”, denunciou um representante do Comité para a Participação Política das Mulheres afegãs, Qais Zahir, sobre a jovem assassinada a 19 de Março de 2015 em Cabul por um grupo de homens após acusá-la de ter queimado um Corão.
Em conferência de imprensa na capital afegã, Zahir lamentou “os erros judiciais nas decisões e no trabalho dos tribunais”, depois que a Suprema Corte do país confirmou há poucos dias as sentenças que rebaixam as penas impostas inicialmente a vários dos condenados pelo crime.
Esta organização criticou a falta de transparência no processo e solicitou a sua revisão numa apelação apoiada por 70 colectivos pró-direitos humanos de vários países e cerca de 2 mil assinaturas individuais, segundo dados do Comité.
“Apesar das promessas do governo, a violência contra as mulheres não só não caiu, mas está a aumentar ano após ano, porque não é capaz de mudar a mentalidade negativa de nossa sociedade com as mulheres”, garantiu outra representante da organização, Mari Nabard.
Pelo menos 241 mulheres foram assassinadas em 2015 no Afeganistão, 49% a mais que no ano anterior, e só em 30% dos casos os autores foram processados, segundo um recente relatório da Comissão Independente Afegã de Direitos Humanos.
Perante esta situação, o Comité propôs que esta data seja declarada Dia de Solidariedade do Povo Afegão contra o Extremismo Religioso e a Violência contra a Mulher, porque o caso Farkhonda “transformou-se numa voz forte das mulheres que buscam justiça e necessita se manter viva durante anos”, apontou Nabard.