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Acidentes de viação continuam a matar por incompetência e desleixo…

Acidentes de viação continuam a matar por incompetência e desleixo...

Os efeitos resultantes dos acidentes de viação permanecem nefastos. Entre Janeiro e Outubro do ano prestes a findar, pelo menos 1.459 pessoas morreram e 3.562 contraíram ferimentos, das quais 1.858 graves, devido a 2.410 sinistros rodoviários registados em diferentes estradas do território moçambicano. A perigosidade e o número de vítimas deste mal pode ser maior do que se possa imaginar, tendo em conta que há, obviamente, incidentes que por várias razões não chegaram ao conhecimento das autoridades, o que exige prudência e responsabilidade por parte dos condutores e peões sempre que se fizerem à via pública.

Em 2013, o país registou 2.331 acidentes de viação que resultaram na morte de 1.243 pessoas. Esta desgraça não passa de simples números, talvez, para certos indivíduos. A Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO) apela a todos os automobilistas que transitarem pelas estradas nacionais número um (EN1), quatro (EN4), seis (EN6) e sete (EN7) para que tomem mais cuidado.

Esta agremiação recomenda que se observem escrupulosamente as regras de trânsito e se evite fazer ultrapassagens a camionistas, em particular à noite, porque eles são indisciplinados e não respeitam os veículos ligeiros. E apela, também, para que os automobilistas se abstenham de conduzir sob o afeito de álcool ou estupefacientes, evitem a velocidade excessiva, as manobras perigosas e respeitem sobretudo os sinais de trânsito.

Se o automobilista tiver sintomas de cansaço ou dores de cabeça deve imobilizar imediatamente a sua viatura e descansar pelo menos 30 minutos num lugar seguro, porque a fadiga e a sonolência concorrem para a ocorrência de acidentes de viação, os quais podem provocar mortes e deixa traumas irreparáveis para toda a vida.

O Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATTER) aconselha os condutores a que jamais tentem recuperar o tempo perdido durante a viagem, enveredando por velocidade excessiva. “Respeite os limites de velocidades estabelecidos e viaje de forma segura. O consumo de bebidas alcoólicas reduz consideravelmente as capacidades de reacção”, eis o apelo da instituição.

O engenheiro Carlos Sousa, consultor, auditor de engenharia automóvel, segurança na mobilidade rodoviária, perito auto e formador de tecnologias inovadoras, realizou há anos um estudo através do qual estima que pelo menos 30 pessoas morrem semanalmente em Moçambique vítimas de acidentes de viação resultantes da transgressão das normas básicas de condução, segundo dados da Polícia que são divulgados todas as terças-feiras, em Maputo.

Para além deste número, por si só, “indicar que os sinistros rodoviários são mais mortíferos que a guerra, há, provavelmente, dezenas de pessoas que perdem a vida devido ao mesmo problema sem que as autoridades tomem conhecimento, sendo, por isso, premente evitar este mal”.

Conduzir uma viatura ou fazer-se transportar nela de e para vários destinos não pode, de forma alguma, significar um perigo constante se os automobilistas se orientarem tendo em vista uma melhor conduta quando se fazerem ao volante. A condução não pode ser licença para matar nem para morrer para quem assume o comando de uma viatura.

Perguntas a fazer a si próprio como condutor

Conhece as características e capacidades do veículo que conduz? Leu alguma vez o Livro/Manual de Uso/Utilização do veículo que pressupõe conhecer?

Crê que os mecânicos que assistem os nossos veículos estão capacitados e actualizados nos procedimentos de segurança indispensáveis à manutenção de máquinas em movimento transportando pessoas e cargas?

Queira, por favor, estar atento a alguns indicadores de REFERÊNCIA TÉCNICA, seleccionados por especialistas, e claramente explícitos nos conteúdos a seguir listados tendo em vista despertar para a atitude de evitar o pior. A importantíssima satisfação das necessidades deve levá-lo (condutor) a eleger a posição segundo a qual a actualização do conhecimento no domínio da Prevenção em Segurança Rodoviária impõe que respeitemos a Relação: Homem – Veículo – Ambiente.

Consequentemente, para além da economia, conforto, transporte de tudo para todos, com distinção, sobretudo, para os métodos orientados tendo em vista a SEGURANÇA, bem como a disciplina indispensável ao ambiente por respeito à vida, seria muito mais tranquilo que a maioria dos que se sentam ao volante soubessem aplicar e respeitar os valores da mobilidade!

Caro cidadão inocente:

Onde reside a fiscalização dos procedimentos aos centros de inspecção de veículos que os aprova, por ALTO RISCO, ignorância, crime, olhando para outros interesses dos próprios bolsos?

Os pais, os cidadãos e também as companhias de seguros estão a sofrer prejuízos incríveis. Os acidentes e VITIMAS CONTINUAM a subir assustadoramente.

Não se trata de inspectores capazes de avaliar a necessidade de condições de SEGURANÇA dos veículos automóveis, com toda a certeza. Importa mais evidenciar e esclarecer aos condutores e cidadãos em geral que 75 porcento dos sinistros rodoviários GRAVES estão directamente relacionados com pneus, direcção e travões fora das mínimas condições de segurança. A maioria da grave sinistralidade ocorre nas melhores estradas, seja no país ou no estrangeiro.

Recordando, nos países onde já existem IPO, há mais de 20 anos, o historial técnico das causas de REPROVAÇÕES indica exactamente os pneus, travões e direcção como sendo os principais actores que se apresentam com maiores deficiências nos veículos. A explicação compreensível relaciona-se com os maus desempenhos nas oficinas genéricas, incluindo em algumas assistências técnicas e, naturalmente, devido à pobreza. Os proprietários de certas viaturas evitam gastos com a manutenção das mesmas e os PERIGOS na estrada não perdoam.

Por outro lado, existindo em Moçambique um forte mercado de veículos importados em segunda mão, (representando 90 porcento do nosso parque automóvel), ainda não se consegue perceber por que razões, nem todos estes veículos são submetidos a uma Inspecção local, encontrando-se determinado por regulamento específico da obrigatoriedade a todos os veículos automóveis e reboques a serem inspeccionados sempre que se prepare uma transacção de propriedade. Sendo do conhecimento geral que a Inspecção obrigatória acarreta consigo efectivamente uma mais-valia para as partes em acordo (comprador e vendedor), evitando-se fraudes e transacções de veículos não capazes ou em perigo para a estrada.

O que diz o INATTER?

Manuel António Luís, director dos Serviços de Inspecção, Fiscalização e Certificação do INATTER, disse ao @Verdade que a sinistralidade rodoviária em Moçambique tem sido a grande preocupação das instituições que lidam com o trânsito no país.

Na sua opinião, os acidentes resultam da crescente mobilidade de pessoas e bens com recurso ao transporte semicolectivo de passageiros (estes é que criam grandes problemas). Por conseguinte, o número de óbitos aumenta.

Os acidentes de viação, segundo aquele dirigente, acontecem devido à degradação da correlação de três factores: o veículo, o homem e a via. O meio ambiente é a quarta causa mas não tem grande influência em relação às outras três.

“O homem é a pessoa que governa o veículo e sabe qual é o défice da sua viatura, tem de definir a melhor forma de conduzir o veículo e se o mesmo não estiver em condições seguras, obviamente que haverá desgraça”.

Num outro desenvolvimento, Manuel António apelou aos proprietários das viaturas que fazem o transporte de passageiros, por exemplo, para que tenham aconsciência de que empregar motoristas não qualificados para o efeito é perigoso e eles precisam de descansar sempre que efetuarem um determinado percurso.

“Existem patrões que entregam a suas viaturas e definem a hora de viagem, independentemente da distância. É preciso que a pessoa de oito a oito horas tenha um descanso merecido. Cabe também ao condutor pedir um repouso de pelo menos 30 minutos em 200km de percurso, para recuperar forças”.

“O problema de segurança rodoviária é estrutural, não é só das instituições públicas. Nós temos uma legislação suficientemente elaborada para responder o mínimo possível a questões de segurança de pessoas e circulação de bens”, mas só podem surtir os efeitos desejados e evitar-se o derramamento de sangue e luto nas estradas se os automobilistas perceberem que não precisam da Polícia na via pública para este lhe obrigue a andar segundo a velocidade que está estipulada no Código da Estrada.

“É importante que o condutor use o sinto de segurança”. Entretanto, esta norma e tantas outras são desrespeitadas porque os automobilistas que infringem as regras de trânsito são impunes.“Quando os condutores têm penalizações ninguém vai atrás deles para lhes fazer cumprir as suas obrigações”.

Manuel António considerou que, para além da multa por infracção do Código da Estrada, há uma necessidade de se adoptar medidas arrojadas para se conter a indisciplina rodoviária, uma vez que a multa não está a funcionar para sensibilizar e punir aqueles que perigam a vida de milhares de moçambicanos.

Contudo, para inverter este cenário, o INATTER desenhou um projecto de cadastro do condutor, o qual visa monitorá-lo e controlar as suas transgressões, as quais podem culminar com a perda do direito de conduzir. O sistema pode ser visto no websitewww.inater.gov.mz.

“O que me preocupa mais é que eu sei que Moçambique forma bons condutores. Digo isso porque na região (da África Austral), Moçambique é o único país que obriga os cidadãos a irem à escola para terem uma carta de condução. Ao nível nacional temos cerca de 600 mil condutores mas o nosso problema é que não temos endereços fixos (dos automobilistas)”, explicou Manuel António.

Não se implementa o que se aprende na escola

De acordo com António Manuel, director da Escola de Condução AJM, da cidade de Nampula, o problema de insegurança rodoviária deriva do comportamento dos automobilistas. “Além das matérias relacionadas com o Código da Estrada, disponibilizámos aos candidatos a condutor vários instrumentos legais em vigor no país”. Todavia, o que se aprende não é o que implementam quando se fazem à via pública.

O nosso interlocutor referiu que há casos em que os condutores, estando ao volante, atendem chamadas telefónicas, o que concorre para a origem dos acidentes de viação. O director da AJM disse ainda que a avaria sistemática dos sinais luminosos (semáforos), na cidade de Nampula, constitui outro problema que contribui, significativamente, para o aumento da sinistralidade. “Há problemas sérios com os sinais luminosos, mas as escolas instruem sobre a necessidade da condução defensiva”, afirmou.

Manuel é de opinião de que aos transgressores das regras de trânsito devia ser retirada a carta de condução por um período de três a seis meses, dependendo da gravidade da situação. “Passar um aviso de multa não resolve o problema, porque a vida das pessoas é que está em causa. Quando se tratasse de operadores de chapa e taxistas, a medida tinha de ser suspensão da licença de actividades”, disse.

O nosso interlocutor frisou que a aprovação dos candidatos é da inteira responsabilidade do Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATER).

Por seu turno, Francisco Raúl, chefe do Departamento da Polícia de Trânsito em Nampula, disse que, apesar do número de acidentes estar a registar uma ligeira redução, a situação é desconfortável, devido ao crescimento do parque automóvel. “Destacamos os nossos colegas para os locais mais propensos a acidentes de viação, e temos vindo a promover palestras”, disse Raúl.

Sem avançar a média diária de acidentes em Nampula, o chefe da Polícia de Trânsito daquele ponto do país disse que o elevado grau de sinistralidade rodoviária que se tem registado em Nampula é provocado pelos motociclistas.

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