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Autárquicas 2013: abstenções e ausências de delegados marcam votação na cidade de Maputo

Autárquicas 2013: abstenções e ausências de delegados marcam votação na cidade de Maputo

Os mesmos problemas do passado voltaram a marcar as quartas eleições autárquicas no país, no geral, e na cidade de Maputo, em particular. As abstenções em larga escala, a falta de delegados de candidaturas de alguns partidos nas mesas de voto, entre outros problemas, foram notáveis.

Ainda era demasiado cedo quando os primeiros eleitores começaram a marcar presença nos postos de votação, na cidade capital, Maputo, ávidos de exercer o seu direito cívico. No distrito KaMavota, mais concretamente nas redondezas dos postos de votação montados nas escolas primárias de Laulane e 10 de Novembro, a movimentação de pessoas, por debaixo de um sol escaldante, não passava despercebida.

Antes mesmo das sete horas, momento marcado para o início da votação, estes postos já registavam um número considerável de eleitores, uma média de 50 eleitores em cada uma das oito mesas que se encontravam na Escola Primária de Laulane e cerca de três dezenas na Primária 10 de Novembro, onde, apesar disso, ainda havia mesas sem nenhum eleitor. Estes números foram crescendo no período da manhã.

Depois da montagem das cabinas e do preceituado ritual de verificação e selagem das urnas, iniciou o processo de votação quando eram precisamente sete horas. A letargia dos membros das mesas de votos que não conseguiam colocar simultaneamente os eleitores nas duas cabinas e o calor intenso que se fazia sentir logo pela manhã foram literalmente um convite à desistência.

A situação era de tal maneira preocupante que os eleitores começavam a ameaçar abandonar os locais. Entretanto, a bem da democracia em construção no país, muitos permaneceram firmes nas longas filas. Essa mesma situação verificou-se nos seis postos instalados na Direcção de Identificação Civil (DIC). Já na Escola Primária 10 de Novembro, a situação era outra. A flexibilidade era notável nos membros das mesas.

Naqueles postos de votação, a Polícia de Protecção, embora estivesse no interior do recinto escolar, manteve-se quase que a todo momento a uma distância considerável das assembleias de voto. Entretanto, apesar da enchente que se registou nas primeiras horas da manhã, o movimento de eleitores que se faziam aos postos de recenseamento foi decrescendo drasticamente a partir das 11 horas, tendo-se chegado ao ponto de algumas mesas ficarem vazias por um tempo considerável.

Já muito perto das 18 horas, os eleitores, de forma muito tímida, começaram a aparecer. Mas nada que justificasse a extensão da hora de fecho dos postos que aconteceu precisamente às 18. Todos os eleitores que se fizeram presente às mesas após essa hora, com cerca de cinco minutos de atraso, impiedosamente, não lhes foi permitido exercer o direito de votar.

Insuficiência de material

No entanto, foi pouco antes da hora do término da votação, quando já começava a escurecer, que algumas assembleias deram conta da insuficiência de material. É que nalgumas salas onde estas funcionavam o sistema de iluminação era deficiente e os candeeiros alocados pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral para fazer face a essas situações eram em número também reduzido. Tal facto obrigou a que algumas mesas fossem deslocadas de um espaço para o outro contra todos os riscos que a situação impunha.

Falta de nomes no Maxaquene

Já nas escolas secundárias Noroeste 1 e 2 e Primária Unidade 25, localizadas no bairro de Maxaquene, distrito municipal com o mesmo nome, verificou-se uma grande afluência durante todo o dia. Porém, nestes pontos, o processo foi manchado por algumas irregularidades, tais como a inexistência de nomes de alguns eleitores nos cadernos, apesar de serem portadores do cartão de eleitor, o que fez com que eles não exercessem o seu direito de votar.

Um episódio estranho deu-se na Escola Secundária Noroeste 1, onde o ancião António Juma, de 71 anos de idade, foi impedido de votar porque, segundo os membros da mesa de voto, no seu nome tinha sido feita uma descarga, o que significa que alguém o tinha feito em seu nome. “Como é que isso é possível? Estão a forjar o meu voto. Eu ainda não votei mas dizem que já há um sinal no meu”, disse.

Na mesma escola, Carlota Mateus Mavuie, de 77 anos de idade, sentiu-se constrangida pelo facto de lhe terem dito que o seu nome não constava da lista e que, consequentemente, não podia exercer o seu direito de escolher o futuro edil da cidade de Maputo “Cheguei às cinco horas, no entanto, já na hora de votar eles disseram-me que não o podia fazer porque o meu nome não aparece na lista. Orientaram-me para que fosse para as outras mesas, fi-lo mas em vão. O mais preocupante é que não sei o que vou dizer à minha chefe, do Mercado Central, onde trabalho, que me disse para vir votar”, disse a idosa, visivelmente angustiada.

Fraca afluência na Costa do Sol

No bairro da Costa do Sol, no posto localizado na escola primária local, as urnas abriram às sete horas com cerca de quatro dezenas de eleitores nas filas. Cenário idêntico registou-se também em Mapulene. Durante a votação, os agentes da Polícia de Intervenção Rápida circulavam nos dois estabelecimentos, embora a menos de 300 metros das mesas de voto. Nestes dois locais, foi possível notar a ausência de observadores e de delegados de candidatura, excepto os da Frelimo. Falsos delegados da Frelimo Em muitas mesas de voto instaladas na Escola Secundária Noroeste 2, constatou-se a presença de delegados, supostamente do partido Frelimo, não credenciados, a “facilitar” o processo de votação.

JPC e MDM sem delegados

O processo de votação, embora tenha ocorrido num ambiente relativamente calmo na capital moçambicana, foi manchado pela falta de delegados de candidatura de maioria dos partidos concorrentes. A Frelimo foi a única força política que possuía delegados em todas as mesas. A Associação Juntos Pela Cidade (JPC) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), ambos concorrentes na autarquia da cidade de Maputo, tiveram dificuldade em designar delegados para os representar nas mesas de voto.

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