No dia marcado para a escolha do novo edil que irá dirigir o destino da cidade de Cuamba, grande parte dos munícipes abdicou de exercer o seu direito de voto. A maioria – senão todos – dos 12 postos de votação registou fraca afluência dos eleitores, sobretudo no período da tarde. As primeiras horas do dia 7 de Dezembro, o número de eleitores que se aglomerava nos locais de votação, com destaque para Administração, Adine-2, Maganga e Mucupa-centro, era animador, até porque a primeira impressão era de que os habitantes desta urbe estavam dispostos a cumprir o seu dever.
Previsto para às 7h00, as assembleias de votos só foram abertas aproximadamente 30 minutos depois. Acompanhado pela sua esposa, o candidato da Frelimo, Vicente da Costa Lourenço, foi o primeiro a exercer o direito de voto na Escola Secundária de Cuamba. E Maria Moreno, candidata do MDM, votou acompanhada do seu esposo na Escola Primária Samora Moisés Machel no bairro de Adine-2.
Na Administração, muitos eleitores perdidos procuravam as mesas onde estavam inscritos. Sem nenhuma orientação, entravam na primeira fila com que se deparasse. Quando tudo parecia correr normalmente, uma confusão instalou-se, tendo sido chamada a Polícia para amainar os ânimos de alguns eleitores que se encontravam exaltados, alegando que os membros da assembleia de voto não respeita a ordem de chegada, além de favorecer membros e simpatizantes do partido Frelimo.
No Posto de Votação de Maganga, dezenas de pessoas na fila, umas sentadas no chão e outras de pé, chegaram muito cedo, por volta das 5h00, para escolher o presidente de um município que mingua e não se vislumbra uma solução. Em Mucupa-centro, alguns eleitores tiveram de percorrer pouco mais de três quilómetros a pé para chegar até ao posto de votação mais próximo. É o caso de Orlando Mirione que foi impedido de votar pelo facto de o seu cartão de não dispor de carimbo.
Durante o período da manhã, o cenário era o mesmo nos postos de votação: filas enormes e pessoas sentadas no chão e outras impacientes desistiam de votar. Durante a tarde, a situação reverteu-se. Os locais de voto começaram a andar às moscas. Diversas mesas passaram o dia quase vazios, os votantes chegavam a conta-gotas. Mas nem tudo foi pacífico. Na Escola Completa de Mutxora, o nosso repórter foi impedido de fazer fotos pelo presidente da mesa 580 e também Secretário Permanente da Frelimo. Na Escola Primária 3 de Fevereiro, o jornalista do @Verdade foi obrigado a abandonar o espaço onde se fazia a contagem dos votos, mas graças a pronta intervenção de uma responsável do STAE-Niassa, a situação foi esclarecida.
A contagem dos votos e a divulgação dos dados preliminares revelaram uma realidade preocupante: as abstenções. Em diversas mesas onde se esperava 1000 eleitores inscritos nem sequer 100 votantes chegavam. Em Matia, poucos minutos antes do encerramento das mesas, não havia 200 pessoas, num universo de 1779 inscritos, que tenha exercido o seu dever. Na Escola Primária 3 de Fevereiro e Mutxora, a diferença entre o total de inscritos e os que votaram é grosseira. Em casos em que se aguardava mais de 900 eleitores, haviam votado apenas menos e 100.
Os resultados provisórios de Cuamba revelam uma vantagem de Vicente Lourenço em relação a Maria Moreno na contagem dos votos. Em quase todas as mesas nos postos de votação localizados sobretudo no centro da cidade Vicente esteve sempre a frente da candidata do MDM que concorria pela terceira vez.