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A Zambézia de A a Z

A Zambézia de A a Z

A – Alto Molócue

Vila e sede de distrito situada 350 quilómetros de Quelimane e 200 de Nampula, em plenas montanhas da Alta Zambézia, não muito longe do rio Ligonha, divisão natural das duas províncias. Recentemente, em Abril de 2006, o Alto Molócue foi um dos dez distritos que ascendeu à categoria de Município.

B – Bicicleta

É o meio de transporte mais popular na Zambézia. À entrada de Quelimane circulam em maior número que os carros. Outra coisa, única no país, são as bicicletas-táxi que circulam um pouco por toda a província e, sobretudo, na capital. Aqui, o fenómeno surge, com particular força em finais de 2006 e alastrou-se de tal maneira que hoje Quelimane pode ser considerada a cidade das bicicletas. Os preços variam de 5 a 15 meticais dependendo naturalmente das distâncias a percorrer. Após as 18 horas, os preços são agravados, pagando-se um mínimo de 7,50 meticais, aumento justificado, no dizer dos taxistas, pelos riscos que correm.

C – Chuabo

O Chuabo é a língua falada na região à volta da cidade de Quelimane. É uma língua banto, da grande família Níger-Congo e do grupo das línguas Emakhuwa. 7% da população moçambicana tem esta língua como materna.

D – Donas

D. Ana do Chinde, D. Macacica, D. Ignácia Benedita da Cruz são alguns nomes das célebres Donas da Zambézia. Normalmente, estas mulheres eram mestiças filhas de portugueses e de negras ou goesas. Surgiram no século XVII e foram até meados do século XIX, quando foram extintos os chamados prazos da Coroa – vastas concessões de terras administradas ao estilo feudal. Muitas destas donas herdaram fortunas fabulosas, acabando por deter um grande poder na sua área de jurisdição.

E – Elomwe

Com 8% de falantes, o Elomwe é a terceira língua mais falada em Moçambique, depois do Macua (26%) e do Changane (11%). Fala-se um pouco por toda a Zambézia por excepção das zonas circunvizinhas da cidade de Quelimane.

F – Frango à Zambeziana

O frango está para a Zambézia como o cabrito está para Tete: é o prato favorito. Os ingredientes são: frango, limão, sal grosso, alho, coco, piripiri. Hoje é um prato consumido no país inteiro.

G – Gurúè

Conhecida no tempo colonial por Vila Junqueiro, a povoação do Guúè não é de acesso fácil. Mas a sua beleza vale bem uma visita. A grande imagem que marca é a enorme extensão de campo verde ocupado pelas plantações de chá, as maiores de Moçambique. O clima é fresco e a paisagem faz lembrar, em alguns locais, o norte da Europa. A vista dos socalcos verdes das plantações de chá é fabulosa.

H – Hotel Chuabo

Com os seus oito pisos é o edifício mais imponente de Quelimane. A “olhar” o rio, o Chuabo foi construído nos anos ´60 quando a Zambézia prosperava. Nessa altura, Lindolfo Monteiro, o maior empresário da região, mandou edificar este grandioso hotel com 130 camas, 63 quartos, restaurante e snack-bar. No interior, há saborosos pormenores de arquitectura como a larga escada em caracol que dá acesso aos andares superiores. Os quartos são espaçosos, destacando-se nas paredes os quadros com motivos piscatórios portugueses. Depois de 30 anos entregue ao Estado, o Chuabo voltou à exploração privada em Novembro de 2005.

I – Igreja Nossa Senhora do Livramento

Também conhecido por Catedral Velha, este templo, localizado na marginal de Quelimane, foi construído no último quartel do século XVIII. Nas lajes do seu chão repousam os restos mortais de ilustres portugueses que governaram a Zambézia. Necessita de urgentes obras de restauro, sob pena de ruir definitivamente.

J – João Correia Pereira

Natural da cidade nortenha portuguesa do Porto, chegou à Zambézia em 1853, com apenas 13 anos. Não demorou muito a enriquecer com o comércio no interior, sobretudo de marfim. Figura muito prezada em toda a Zambézia, falava fluentemente várias línguas da região, tendo inclusivamente guiado o conhecido missionário escocês David Livingston quando este procurava os rápidos do Zambeze. Em 1877 fundou em Quelimane o semanário “O Africano”, o primeiro de Moçambique. Nas suas páginas bateu-se contra todo o tipo de injustiças e abusos do poder, tendo-lhe sido erguida uma estátua em Chinde.

L – Ligonha

Afluente do rio Lúrio, o Ligonha é a fronteira natural entre a Alta Zambézia e o sul da província de Nampula, tendo a sua foz na Ponta Macalonga, um pouco a sul de Moma. O seu leito é conhecido pela riqueza dos minérios.

M – Madal

Os descendentes de João Correia Pereira venderam a maior dos seus terrenos à Sociedade Madal, fundada no Mónaco em 1903. Entre os sócios fundadores da Madal contava-se o príncipe Alberto Honorato Grimaldi (trisavô do actual príncipe Alberto). Nesse tempo, tal como agora, a Madal dedicava-se à plantação de coqueiros e à criação de gado, com destaque para o óleo de coco. Na floresta de Mahinde, que também lhe pertence, existe hoje uma reserva de caça. Presentemente, a empresa encontra-se em grandes dificuldades financeiras correndo o risco de fechar as portas.
 
N – Namúli
 
As serras, que estão em cima das plantações de chá, emprestam ao monte Namúli, com a sua altura descomunal – possui 2.419 m, sendo o segundo mais alto do país – um aspecto de esmagadora grandiosidade. Na época das trovoadas o espectáculo é tão belo, tão grandioso, que chega a meter medo.

O – Olinda

Fica situada do lado oposto da praia de Zalala, à entrada do Rio dos Bons Sinais, e é conhecida, sobretudo, pelo seu farol. Aos fins-de-semana é um local concorrido sobretudo por parte dos habitantes da capital.

P – Praia de Zalala

A praia é linda mas o caminho é ainda mais. Milhares de coqueiros ladeiam a estrada durante a maior parte dos 37 kms que separam Quelimane de Zalala. Esta vegetação densa termina num areal branco imaculado a perder de vista. Quando a maré está baixa o percurso até ao mar parece infindável. Aos fins-de-semana é igualmente muito concorrida.

Q – Quelimane

É a capital da província da Zambézia e uma cidade das mais antigas da colonização portuguesa. Quem chega a Quelimane vindo do Sul, a primeira impressão que tem é de sobrelotação. Efectivamente, à medida que a cidade se aproxima o formigueiro de gente dos dois lados da estrada vai engrossando. Os subúrbios são povoadíssimos só encontrando paralelo em Maputo e em Nampula. Aqui as casas são de adobe com telhados de palha, sendo as dos mais endinheirados de tijolo cobertas com chapa de zinco. A densidade populacional é elevadíssima, ou não fosse Quelimane a quarta cidade do país e a província da Zambézia a segunda mais populosa, depois de Nampula. Apesar de ser do tempo da velha colonização portuguesa, o aspecto geral de Quelimane, em termos urbanísticos e arquitectónicos é dos finais dos anos ´60, sendo o edifício do Conselho Municipal o seu exemplar mais típico. No centro da cidade, na Avenida 1 de Julho, fica a mesquita, um edifício moderno, interessante, com recortes superiores nitidamente de estilo mourisco.

R – Rio dos Bons Sinais

Na língua chuabo é conhecido como rio Cuácua, mas o navegador português Vasco da Gama quando aportou na sua embocadura, em 1498, chamou-lhe Rio dos Bons Sinais por entender que estava certo na sua rota para a Índia.

S – Sura

É uma bebida apreciada em quase todo o país, mas na Zambézia é mais vulgar. É feita à base da seiva da palmeira fermentada, tem aspecto de um vinho e quando doce, é bem agradável. De elevado teor alcoólico, embriaga com relativa facilidade.

T – Tchakare

É um instrumento cordófono, em que a corda passa directamente por cima da caixa de ressonância, assim como acontece na viola. Esta caixa de ressonância é normalmente feita de madeira coberta de uma membrana de pele de lagarto. O tocador segura o instrumento de modo a que a caixa fique encostada ao seu abdómen ou ao seu ombro. Com uma das mãos faz pressão sobre a corda para variar o som, ao mesmo tempo que ela é friccionada com o arco, que segura na outra mão. A corda deste arco é feita de raiz de “murapa” embebida em resina da árvore “chakari”. Em algumas regiões da Zambézia é conhecido também por siribo.

U – Undi

Título nobiliárquico criado no século XVII entre os maraves que resultou da uma cisão do título karonga. Undi, irmão de um karonga falecido, não se conformou com a preferência dada pelos conselheiros a um seu sobrinho, por isso decidiu separar-se levando consigo todos os membros femininos da linhagem real phiri. Este reino independente chegou a ocupar uma parte importante da província de Tete e do oeste da Zambézia.

V – Vila de Sena

Vila de Sena foi a primeira capital económica de Moçambique. Antes da colonização, segundo a tradição oral, a Fortaleza de Sena contava apenas com dois pigmeus, que falavam todas as línguas do mundo. Depois abandonaram misteriosamente a área, sendo actualmente substituídos por abelhas mágicas. Sena, que completou, em Maio, 247 anos de fundação, tem como referência obrigatória a sua fortaleza. A comunidade e as autoridades equacionam a possibilidade de realizar actividades de limpeza, arborização e vedação daquele local histórico e cultural, para acolhimento condigno aos turistas e pesquisadores do rico mosaico histórico e cultural moçambicano.

X – Xicundas

Espécie de pequeno exército de escravos que zelavam pela segurança dos prazos. Após a abolição da escravatura, no último quartel do século XIX, os xicundas passaram a sipaios da administração colonial.

Z – Zambeze

Conhecido também por Grande Rio – é o terceiro maior de África depois do Nilo e do Congo – é também ele que dá o nome à província e a toda a região. Nasce na Zâmbia, passa por Angola, estabelece a fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe e atravessa Moçambique de oeste para leste, para desaguar no Oceano Índico num enorme delta na zona de Chinde.
Tem 2.750 km de comprimento. A parte mais espectacular do seu curso são as Cataratas Vitória, as maiores do mundo, com 1708 m de extensão e uma queda de 99m. Este monumento natural foi inscrito pela UNESCO em 1989 na lista dos locais que são Património da Humanidade.
Existem duas grandes barragens no rio Zambeze: Kariba, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe (e gerida conjuntamente) e Cabora Bassa, em Moçambique.

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