O governo Obama está considerando questões globais como mudança climática e segurança alimentar desafios de segurança imediatos, juntamente com assuntos de segurança mais tradicionais como não proliferação e controle de armas, ao passo que a delegação dos EUA se prepara para a 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas, com início em 19 de Setembro em Nova York. O ponto comum entre não proliferação, mulheres em zonas de conflito, segurança alimentar e mudanças climáticas é que essas questões “têm impacto sobre as pessoas reais” bem como sobre os governos, e impactos imediatos sobre a segurança, afirma a secretária de Estado adjunta para Organizações Internacionais, Esther Brimmer.
O governo Obama declarou que busca uma abordagem mais multilateral do que a de seu predecessor para atingir suas principais metas de política externa, e Esther Brimmer disse ao America.gov que a principal fonte da nova ênfase é o próprio presidente. “Os EUA retomaram definitivamente os assuntos multilaterais”, disse ela, e o presidente Obama “em seu próprio entendimento dos assuntos internacionais e da política externa acredita que, para fazer avançar metas cruciais, devemos trabalhar tanto multilateralmente quanto bilateralmente… para fazer avançar importantes metas da política externa americana”.
Os maiores desafios do século 21 têm “carácter transnacional” e “devem ser tratados em conjunto com outros países”, acrescentou. Além disso, o governo acredita que os melhores períodos de sucesso para os Estados Unidos ocorreram “quando o país foi líder internacional capaz de tanto fazer avançar seus interesses como de conseguir que outros apoiassem seus pontos de vista”. Os Estados Unidos não abordam mais as mudanças climáticas com base apenas na saúde e na ciência. Segundo Brimmer, “o governo também reconhece que há implicações de segurança imediatas”, tais como migração em massa de pessoas por causa da seca e de outros factores, bem como conflitos sobre recursos hídricos.
A segurança alimentar também constitui um problema de segurança imediato. “Milhões de pessoas do mundo todo há muito enfrentam problemas de fome”, e os recentes picos no aumento dos preços dos alimentos não apenas provocaram tragédias humanas, como também incorreram em custos de segurança locais devido a revoltas por causa de comida, afirmou. A secretária adjunta informou que a secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pretendem realizar um evento nas Nações Unidas para destacar o problema. “A ideia de enfatizar a segurança alimentar ressalta a iniciativa de segurança alimentar do governo, que se baseia naquilo que consideramos planos liderados pelos países”, disse Esther Brimmer. “Cada país precisa apresentar seu próprio programa e esclarecer como quer tratar as questões de segurança alimentar e, então, buscar apoio multilateral que inclua um componente ou um papel importante para as agências alimentares internacionais.”
Hillary Clinton pretende ainda comparecer à sessão do Conselho de Segurança da ONU a ser realizada em 30 de Setembro para criar novas medidas de prevenção à violência contra as mulheres em zonas de combate. A secretária “tem profundo interesse pessoal no que a comunidade internacional… pode fazer com relação a essa questão”, afirmou Esther Brimmer. Clinton aproveitou sua recente viagem à África para falar com vítimas e cuidadores para “entender de forma directa o impacto desse tipo de violência, e [ela] está pensando seriamente sobre como podemos combater essas formas abomináveis de ataques e de violência contra civis”.
A sessão do Conselho de Segurança poderia criar uma força-tarefa para investigar como ampliar a protecção às mulheres em zonas de combate, propor um relatório anual e indicar um enviado sénior para tratar da questão. “A ideia é criar mecanismos institucionais para continuar a documentar o que está acontecendo, obter informações e também apoio local efectivo para ajudar as vítimas”, continuou Brimmer. A decisão de Obama de presidir a cúpula do Conselho de Segurança da ONU de 24 de Setembro sobre não proliferação nuclear é “bastante surpreendente” declarou a secretária adjunta. “Somente cinco sessões foram realizadas em nível de cúpula”, e essa seria a primeira a ser presidida por um presidente americano.
“Ele está tentando dar apoio efectivo e mostrar no mais alto nível que tratar da não proliferação nuclear é a mais alta prioridade para os líderes do mundo todo”, afirmou Brimmer. A presidência de Obama é, em certo sentido, a largada para um ano inteiro em que estaremos realmente pondo em destaque questões de não proliferação”, inclusive a proposta de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear no segundo trimestre de 2010.
A secretária adjunta disse também que a capacidade de Obama de reunir várias comunidades poderia ser aproveitada para renovar a liderança dos EUA na questão dos direitos humanos nas Nações Unidas. As questões de direitos humanos “têm sido a área de maior aspereza” entre os países membros, e os Estados Unidos buscam possibilidades para trabalhar com os principais países e organizações “para uma conversa mais positiva sobre liberdade de expressão, que poderia obter o apoio de diferentes países de diversas partes do mundo”.
A participação dos EUA no Conselho de Direitos Humanos da ONU, que se inicia formalmente em Setembro, será “ao mesmo tempo nova e antiga”, disse ela. Embora o conselho em si seja novo, os Estados Unidos foram um líder activo nos esforços sobre direitos humanos da ONU no passado. “Em certo sentido estamos realmente recuperando nosso papel histórico, embora em um novo tipo de cenário”, afirmou Brimmer. O governo Obama também continuará insistindo na reforma da ONU na próxima sessão.
“Queremos uma organização transparente, porque queremos que a ONU trabalhe, seja administrada e funcione bem”, afirmou. Contudo, a abordagem dos EUA com relação à reforma será “mais como a de um consultor que vem para falar de coisas que poderiam ser melhoradas do que de um acusador que vem e diz que as coisas estão sendo feitas de forma errada e que vocês serão punidos”.