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A ntyiso wa wansati – Finais felizes

A ntyiso wa wansati - Finais felizes

O que eu quero, meu anjo viajante, é que fi ques comigo o tempo todo que quiseres, que voltes sempre que tiveres tempo e a vontade for mais forte. Tu chegas e eu nem acredito, acho que caíste do céu, tens nome e cara e corpo de anjo e já houve um génio com o teu nome que pintou o tecto da capela sistina, por isso acho que é tudo possível e que a tua presença na minha vida tem tanto de imprevisível como de certo porque a única regra do mundo é este rodar no sentido dos ponteiros do relógio, o resto são teorias e princípios abstractos que só servem para confundir o coração dos homens.

Tu chegas com um sorriso que me dá a volta à cabeça, o andar elástico e as calças largas, a mochila quase vazia e o coração cheio como uma caixa de chocolates. Vens sempre feliz e quando te vais embora nada muda na tua expressão, é como se te tivessem alimentado a alegria e felicidade quando eras pequeno e no teu sangue corresse toda a harmonia possível do universo. Abraças-me com cuidado, como se eu fosse uma criança e dizes-me que vai fi car tudo bem e eu acredito em ti como se tivesse cinco anos e me contasses uma história diferente todas as noites antes de adormecer.

Enquanto ficas e inventas uma forma mágica de esticar as horas como se fossem de plasticina, iluminas-me a casa e o corpo, os dias colam-se às noites como se nunca adormecêssemos porque todos os minutos são preciosos e todas as horas são perfeitas. Passeamos, rimos, conversamos, jantamos com os nossos amigos e dormimos como siameses. De manhã, quando acordo primeiro do que tu, fi co ao teu lado muito quieta a respirar do teu sono, à espera de ter ver acordar.

Nunca te disse que nessas manhãs celestiais é quando te quero mais e melhor, te imagino mais maduro e desejo o melhor do mundo para ti. Nunca te disse que a tua beleza me comove, que a tua voz me paralisa de prazer, que o teu corpo é um presente divino e a tua boca um mistério perfeito. Nunca te contei que sempre imaginei uma vida diferente das outras mulheres, nunca quis laços nem alianças tradicionais, papéis de cartório e outros princípios abstractos que só servem para confundir o coração dos homens.

O que eu quero, meu anjo viajante, é que fi ques comigo o tempo todo que quiseres, que voltes sempre que tiveres tempo e a vontade for mais forte e que nunca deixes de ser assim, livre e sonhador, para quem o mundo é um lugar fácil e tudo é possível. E se um dia não voltares e o teu coração voar para outro lugar, escreve-me uma carta e manda-me um postal com a imagem do tecto da capela sistina para eu saber que estás ali, suspenso nos céus, com a mão estendida para a terra, quase a agarrar o meu coração de criança que ainda acredita que todas as vida se podem contar em histórias diferentes, mas sempre com fi nais felizes.

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