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A Máquina do Tempo no Gelo

Ao alcançarem o Lago Vostok, isolado a quatro quilómetros de profundidade na Antárctica, os cientistas esperam descobrir evidências de espécies que viveram há 15 milhões de anos.

Um dos enigmas mais intrigantes da Antárctica está prestes a ser desvendado. Após duas décadas de perfurações, cientistas russos encontravam-se na semana passada a apenas 40 metros do Lago Vostok, uma gigantesca reserva de água doce que repousa a 4 quilómetros de profundidade sob o gelo, isolada do resto do mundo há 15 milhões de anos.

O objectivo dos pesquisadores é recolher uma amostra das suas águas para descobrir se algum tipo de vida conseguiu desenvolverse nesse ambiente hostil e isolado, sem luz, frio, sob alta pressão e sem nutrientes. Espera-se encontrar microrganismos que tenham evoluído separadamente ao longo desses 15 milhões de anos, além de vestígios de espécies do passado.

A NASA, agência espacial americana, está particularmente interessada nas escavações dos russos na Antárctica. As descobertas no Lago Vostok poderão dar pistas sobre a vida fora da Terra, sobretudo na Europa, uma das luas de Júpiter. O satélite é revestido de camadas de gelo e, acredita-se, debaixo delas existe água líquida, tal qual o Lago Vostok.

A existência de microrganismos nas condições extremas do subsolo da Antárctica pode mostrar que a vida é possível também em Europa. “Estamos bem próximos de chegar a um ambiente que nunca foi tocado pelo homem. Estou tão ansioso como o meu neto de dois anos às vésperas do Natal”, afirmou Valery Lukin, director do programa antárctico da Rússia.

O lago está localizado bem debaixo da estação Vostok, construída pelos soviéticos nos anos 50 no local mais frio do planeta, junto ao Pólo Sul magnético. O lago formou-se há 35 milhões de anos e foi coberto pelo gelo 20 milhões de anos depois, quando a Antárctica congelou. O lago subterrâneo só foi descoberto em 1995, com o uso de radares.

Calcula-se que a temperatura das águas do Vostok seja de três graus negativos. Elas não congelam devido à alta pressão exercida pelo gelo e devido ao calor gerado pelo interior da Terra.

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