A fome afecta actualmente 1,02 bilhão de pessoas, quase um sexto da população mundial, segundo um relatório da FAO, a agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação, divulgado na quarta-feira em Roma por ocasião do Dia Mundial da Alimentação. “Nenhuma nação está livre e, como sempre, são os países mais pobres – e as populações mais desprotegidas – os que mais sofrem”, lamenta Jacques Diouf, director geral da FAO, em um informe realizado em conjunto com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e apresentado às vésperas do Dia Mundial da Alimentação, na próxima sexta-feira.
A maior parte das pessoas desnutridas se encontra na região Ásia-Pacífico (642 milhões), seguida da África subsaariana (265 milhões), América Latina (53 milhões) e da região que compreende o Oriente Médio e o norte da África (42 milhões). Nos países desenvolvidos, 15 milhões de pessoas sofrem com a fome.Durante esta semana, 300 especialistas se reúnem em Roma, sede da FAO, para debater o tema “Como alimentar o mundo em 2050”.
A população mundial passará de 6,8 bilhões de pessoas atualmente a 9,1 bilhões em 2050, segundo as projeções mais recentes da ONU. Na quinta-feira,hoje, Diouf apresentará o que chamou de “caixa de ferramentas” para ajudar os países a implementar programas de luta contra a fome. Na sexta-feira, durante o dia batizado de “Alcançar a segurança alimentar em tempos de crise”, cinco novos embaixadores da boa vontade serão nomeados: o múltiplo medalhista de ouro olímpico americano Carl Lewis, o estilista francês Pierre Cardin, o jogador de futebol francês Patrick Vieira e as cantoras Anggun, da Indonésia, e Fanny Lu, da Colômbia. De 16 a 18 de novembro, Roma receberá uma reunião mundial sobre a segurança alimentar.
O Papa Bento XVI já confirmou presença na abertura do evento. A seguir, alguns dados do relatório divulgado:
– O número de pessoas que passam fome no mundo superou pela primeira vez desde 1970 o teto de um bilhão, um aumento que a FAO atribui essencialmente à crise econômica mundial. “Nenhuma nação está livre, mas como sempre os países mais pobres, e as populações mais desfavorecidas, são os que mais sofrem”, lamentou Jacques Diouf, diretor-geral da FAO.
– A maioria das pessoas subnutridas vem da região da Ásia-Pacífico (642 milhões), seguida da África Subsaariana (265 milhões), da América Latina (53 milhões) e de uma região que compreende o Oriente Médio e a África do Norte (42 milhões). Nos países industrializados, 15 milhões de pessoas passam fome.
– Dezesseis países foram identificados pela FAO como particularmente vulneráveis no plano econômico em razão de crises nacionais e regionais. São eles, Somália, Afeganistão, Etiópia, Iraque, Eritreia, Sudão, Haiti, Burundi, República democratica do Congo, Angola, Mongolia, Coreia do Norte, Uganda, Tadjiquistão e Geórgia.
– Com a integração dos países em desenvolvimento aos mercados financeiros e comerciais internacionais há 20 anos, a crise atinge simultaneamente uma grande parte do planeta, em particular um número elevado de países em desenvolvimento. A recessão atual se soma a uma crise alimentar que no período 2006-2008 elevou os preços dos fertilizantes de base a níveis fora do alcance dos milhões de pobres. No fim de 2008, os preços dos fertilizantes de base continuam 17% mais elevados em termos reais do que os de 2006.
– O número de pessoas subnutridas no mundo aumentou constantemente há 10 anos. Nenhum progresso foi feito para atingir os objetivos do Milênio de uma baixa de metade das pessoas subnutridas entre 1990 e 2015, a aproximadamente 420 milhões de pessoas.