No Bairro 25 de Junho, arredores de Maputo, está localizada uma barraca vocacionada à venda de petisco de cabeça de vaca, uma iguaria bastante apreciada pelos moçambicanos. A proprietária, GuilheCangela, abraçou o negócio em 1998, algo que lhe rende mensalmente 108 mil meticais. Guilhermina Cangela foi militar e, em 1998, iniciou o negócio de venda de cabeças de vaca. Com uma barraca no bairro 25 de Junho fazia serviços de take away com a venda de refeições.
Porém, o negócio não era rentável e decidiu entrar para a venda de cabeças de vaca. Começou por vender uma unidade por dia mas, devido à aderência dos clientes, aumentou para três por dia. Em 1999, comprava o produto na vizinha África do Sul, pelo preço de 15 randes cada. Ao longo dos anos, este valor aumentou tendo passado para 48 randes.
Na busca de maior rentabilidade, a comerciante deixou de se deslocar à terra do rand e passou a comprar a mercadoria no distrito da Manhiça. Quando comprava na África do Sul enfrentava difi culdades no tocante ao pagamento de taxas à Associação dos Mukeristas, incluindo os direitos alfandegários.
“Tinha que pagar às Alfândegas o valor de 100 randes por duas cabeças,” disse. Já no distrito da Manhiça a comerciante paga entre 350 a 400 meticais por cada produto. Actualmente, o lucro é maior considerando que as cabeças compradas na Manhiça saem do matadouro com uma maior quantidade de carne. Guilhermina Cangela compra em média 15 cabeças de vaca. Com o rendimento do negócio, a nossa interlocutora comprou um automóvel da marca City Golf. O veículo permite-lhe fazer deslocações ao distrito da Manhiça a fi m de adquirir o referido produto.
Desloca-se àquele distrito duas vezes por semana e gasta 300 meticais de combustível. Preparação e venda das cabeças Pelas redondezas das barracas do 25 de Junho é possível sentir-se o cheiro que advém do processamento das cabeças de vaca, que consiste em assar, raspar, cortar para retirar as goelas, retalhar, e posteriormente cozer a carne. A seguir, faz-se uma espécie de molho, cujos ingredientes são as carnes, a água e o sal. O preparado fi ca com um aspecto de sopa com um sabor bastante apreciado.
Cada prato é vendido ao preço de 25 meticais e o rendimento diário é de 1200 meticais por cada cabeça. Nas três cabeças vendidas por dia, regista-se uma facturação de 3600 meticais. O valor amealhado mensalmente é de 108 mil meticais. Com este montante, Guilhermina remunera os seus três trabalhadores que auferem 325 meticais em cada fi – nal de semana, o que perfaz 1300 meticais mensais.
Casada e mãe de cinco filhos, Guilhermina Cangela diz estar satisfeita com o negócio e apelou a outras mulheres para que também desenvolvam uma actividade para apoiar os seus esposos. “Já formei três quadros na minha barraca apesar de inicialmente ter recebido críticas pelo facto de colocar as minhas fi lhas a trabalharem neste negócio. Alegavam que elas se poderiam envolver com homens.
Mas consegui provar o contrário pois, através deste negócio, estão todas formadas e casadas,” referiu.