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A corrida pela sobrevivência

A corrida pela sobrevivência

Na cidade de Mocuba, a corrida pela sobrevivência leva os menores de idades a enveredarem pela lavagem de viaturas e motociclos na via pública. É, na verdade, uma actividade que está a arrastar petizes que, ao invês de se dedicarem aos estudos, têm a responsabilidade de ganhar dinheiro para o sustento diário. Marques Benjamim e Abílio Jamila, de 13 e 11 anos de idade, respectivamente, são exemplos disso.

 

A exploração da mão-de-obra infantil para a realização de certas actividades um pouco por todo o país é mais um dos vários exemplos de violação dos direitos da criança. A falta de informação e divulgação das leis que defendem os interesses dos petizes faz com que os sonhos das “flores que nunca murcham” desmoronem.

A maior parte das famílias de baixa renda ensina os seus filhos as diversas formas de sobrevivência. As instruções visam garantir a independência económica dos petizes na gerência das despesas decorrentes das suas actividades diárias.

Nesta edição, contamos a história de dois menores de idade que sobrevivem na base de lavagem de viaturas e motociclos no município de Mocuba. Eles são Marques Benjamim e Abílio Jamila, de 13 e 11 anos de idade, respectivamente, que frequentam a terceira classe na Escola Primária da Ceta.

Os pré-adolescentes vivem com os pais. O seu progenitor é desempregado e passa o dia nas margens do rio Licungo, onde pratica a pesca. Com pequenas embarcações, ele consegue dezenas de quilogramas de peixe proveniente daquelas correntes de água doce que, parte dele, destina-se à venda e outra para o consumo.

A corrida pela sobrevivência fez com que Jamila e Benjamim enveredassem pela lavagem de motocicletas e veículos nas imediações das margens do rio Licungo transformadas em praia, nomeadamente Beira e Cancum, devido às enchentes que aqueles lugares registam nos últimos tempos pelas elevadas temperaturas

. “Somos crianças, mas os nossos pais não têm condições financeiras para suportar todas as despesas. Vimos nas margens do rio Licungo uma oportunidade de ganhar dinheiro de forma honesta para ajudar os nossos progenitores”, refere Jamila.

A afluência de banhistas naquelas circunscrições geográficas fez com que Jamila e Benjamim vissem uma oportunidade de ganhar a vida de forma honesta. Devido à precariedade da via de acesso que leva até à praia do Beira, os veículos e motociclos chegam empoeirados.

Numa primeira fase, a “dupla” conseguiu alocar dinheiro para a compra dos produtos de limpeza que ajudassem no trabalho. Com os detergentes em seu poder, os petizes prosseguiram com a materialização do projecto que visa dar brilho às motorizadas e às viaturas. Enquanto o progenitor vende peixe, eles prestam serviços de lavagem, amealhando, em média, 150 meticais por dia. “Para começar o trabalho, tínhamos que arranjar formas de comprar detergentes para limpeza das viaturas e motorizadas. Porém, graças a Deus conseguimos e, desde então, dedicamo-nos à lavagem de meios circulantes na praia do Beira, que fica a escassos metros da nossa residência”, disse Benjamim.

A rotina diária caracterizada pelos estudos no período de manhã e a tarde os serviços de lavagem faz dos petizes grandes chefes de família, pois eles regressam à casa com algum valor monetário que usam nas despesas correntes daquele agregado familiar composto por sete pessoas.

Para cada motorizada lavada, eles cobra 20 meticais e as viaturas dependem da sua capacidade. Por exemplo, os veículos da marca Toyota Hiace do tipo minibus, eles cobram 100 meticais e outras viaturas custa 50 meticais. “Diariamente, nós conseguimos amealhar valores monetários que variam de 200 a 500 meticais. A receita oscila de acordo com a afluência de visitantes que se deslocam-se com meios de transportes pessoais”, afirmou Jamila.

Clientes satisfeitos com os serviços

Ouvimos alguns fregueses para sabermos a sua opinião sobre o trabalho prestado pelos petizes. Os galvanizadores daquela actividade de rendimento mostram-se satisfeitos com os serviços de lavagem, mas não escondem a sua insatisfação pelo facto de envolver menores de idade que, ao invés de se dedicarem aos estudos, estão à procura de sustento.

Nos últimos tempos, a afluência de menores de idade aos serviços de lavagem de motociclos e viaturas nas principais margens das grandes correntes de água do rio Licungo tende a aumentar. Diga-se em abono da verdade que a maior parte dos petizes são provenientes das localidades e postos administrativos circunvizinhos.

Violação dos direitos da criança: um eterno dilema em Mocuba

Na cidade de Mocuba, a violação dos direitos da criança tornou-se, de tempos para cá, uma realidade do dia-a-dia. A exploração desenfreada da mão-de-obra infantil na realização de várias actividades de geração de rendimentos nos sectores de construção e comércio tende a tomar contornos alarmantes.

A maior parte dos menores de idade provenientes de famílias de baixa renda, são submetidos, em alguns casos pelos progenitores, à produção de blocos queimados nos locais de exploração de areia para a construção. Casos do género registam-se com maior frequência nos bairros da Pedreira, CFM e no povoado do Beira, devido à existência de locais onde são explorados recursos naturais destinados ao sector de construção civil.

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