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A bala salva-vidas

A bala salva-vidas

Hoje, Carlos Manjate acredita mais em Deus do que há dez anos. Tudo porque durante dias teve uma bala alojada da cabeça, a milímetros do cérebro, a milímetros de o deixar sem vida ou paralisado para sempre. Manjate era quem conduzia o carro de Carlos Cardoso naquele início de noite do dia 22 de Novembro do ano 2000.

“Nessa noite saímos [ele e Carlos Cardoso] do Metical e a nossa via foi a mesma de sempre, aqui pelas Mártires da Machava. Foi então que apareceu o carro dos bandidos mas não demos por isso. Só que, de repente, esse carro encosta-se a nós e começa a disparar. Levei logo um tiro na cabeça e tombei de imediato pelo que não me lembro de mais nada. Não vi o que se passou com o meu editor.”

Manjate esteve 15 dias internado no hospital e de lá só saiu quando lhe extraíram a bala alojada na cabeça. “Só Deus sabe como sobrevivi”, refere mostrando a marca da cicatriz na cabeça no local onde a bala se alojou. Ironicamente, parece ter sido essa mesma bala que acabaria por salvá-lo, provavelmente pelo facto de ter ficado inconsciente, ou seja, incapaz de denunciar os assassinos do seu patrão.

“A minha sorte é que eles deram-me como morto.” Porque, se assim não fosse, Manjate sabe que os assassinos de Cardoso não teriam o menor pejo em liquidá-lo, fazendo desaparecer a única testemunha que poderia denunciá-los. No hospital Central esteve 15 dias e só descansou, isto é, percebeu que iria sobreviver, quando lhe extraíram a bala da cabeça.

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“Foi um milagre. Até hoje os médicos não entendem como é que eu não fiquei com o corpo paralisado do lado esquerdo. Normalmente, quando sucede uma coisa destas, fica-se sempre afectado.” Manjate, que hoje é motorista do Centro de Integridade Pública (CIP), não gostaria de morrer sem ver punidos os autores morais do crime, mas a sua fé na Justiça é pouca, ou nula.

“Já passou muito tempo. Os mandantes ainda não foram encontrados. Falou-se que foi o Nyimpine Chissano, mas nunca foi esclarecido. Veja que os próprios arguidos, Nyimpine Chissano e Cândida Cossa, já faleceram. Depois, com pouca fé, atira: “Eu precisava mesmo de saber quem foi, mas acho que a resolução é muito difícil, acho mesmo que nunca irá sair.”

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