Os países da zona euro estão “preocupados” com a situação actual nos mercados de câmbio e com a debilidade do dólar, disse na segunda-feira o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. “Discutimos amplamente entre nós as taxas de câmbio, que são um problema que nos preocupa”, declarou Juncker à imprensa, em referência à forte queda do dólar, especialmente diante do euro, o que afecta a recuperação económica na Europa. Juncker falou após uma reunião, em Luxemburgo, do foro de ministros de Finanças do Eurogrupo. A moeda única europeia se valorizou fortemente nas últimas semanas e hoje se aproximou do seu mais alto nível em relação ao dólar em 14 meses.
O euro era cotado na noite de hoje a 1,4958 dólar, contra 1,4903 dólar no fechamento de sexta-feira. Desde o início de Março, o euro já subiu 18% em relação ao dólar. “Todos concordam que é preciso um dólar forte, que necessitamos (a Europa) de um dólar forte…”, disse a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, pediu que as autoridades americanas passem das palavras aos actos para sustentar o dólar.
“Todos escutamos com grande atenção as declarações das autoridades americanas sobre sua política de dólar forte”, disse Trichet. As autoridades dos EUA garantem que apóiam o princípio de um dólar forte, mas a actual situação favorece as exportações americanas, incentiva a compra interna de produtos nacionais e se transforma em um fator importante para a reativação da primeira potência econômica mundial.
Para a zona euro, o dólar fraco reduz as exportações e ameaça o tímido início de reativação econômica na região, após a recessão que varreu o planeta a partir do final de 2008. Se a actual força do euro persistir, “corremos o risco (…) de deter a recuperação económica na Europa”, declarou Juncker na sexta-feira passada.
Os 16 países que compartilham a moeda única enfrentam ainda a debilidade da moeda chinesa, o iuane, mantida artificialmente baixa há anos por Pequim para apoiar as exportações da China e seu crescimento. Juncker anunciou na noite de segunda-feira que “até o final do ano” viajará à China, com Trichet, para analisar “a política de câmbio” e tentar convencer Pequim a permitir a valorização de sua moeda, especialmente em relação ao dólar.