Uma única dose de vacina pode ser suficiente para proteger os adultos contra a gripe causada pelo vírus H1N1, o que multiplicaria automaticamente os estoques mundiais, anunciou esta sexta-feira uma representante do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, em Bruxelas.
“Parece que somente uma dose de vacina é suficiente, pelo menos para os adultos, mas os testes continuam entre crianças e outros grupos mais vulneráveis”, declarou a subsecretária Nicole Lurie, citando os resultados de vários estudos clínicos de fabricantes e os serviços americanos competentes. “Isto significa que um estoque limitado de vacinas cobriria um setor mais amplo da população que anunciamos antecipadamente”, afirmou Lurie, advertindo, no entanto, que ainda resta muito trabalho a ser feito.
Lurie se manifestou assim ao término de uma reunião de altos responsáveis de Saúde dos países de G7 e México, que repassaram as estratégias de vacinação antes do lançamento dos primeiros produtos no mercado.
Segundo os resultados preliminares de um teste clínico realizado na Austrália e publicado na revista médica americana New England Journal of Medicine (NEJM), a vacina contra o vírus H1N1 é eficaz com apenas uma dose. Esta vacina imunizaria com apenas uma dose de 15 microgramas em um período de dez dias, e isso sem efeito colateral significativo em 96% dos 120 adultos que participaram no teste.
“É uma boa notícia porque, se fossem necessárias duas doses, se reduziria drasticamente a disponibilidade de vacinas nos Estados Unidos e no mundo”, afirmou, em declarações ao New York Times, o dr. Anthony, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Enfermidades Infecciosas (NIAI), encarregado nos Estados Unidos de desenvolver a vacina contra a gripe A.
Os testes foram realizados com uma vacina experimental desenvolvida pelo laboratório australiano CSL Limited, um dos cinco que fornecem medicamentos aos Estados Unidos e que recebeu um pedido de 195 milhões de doses de vacina. Desde o primeiro foco registrado no México no fim de março, os grandes laboratórios farmacêuticos trabalham contra o relógio para elaborar uma vacina contra o vírus H1N1 e, por enquanto, o chinês Sinovac foi o único que prometeu uma única dose.
Na Europa, os resultados dos primeiros testes apontam para uma vacina eficaz e segura, mas que será vendida somente quando for autorizada pela Agência Europeia de Medicamento e a Comissão Europeia, segundo a ministra espanhola de Saúde, Trinidad Jiménez. Os países do Hemisfério Norte estão se preparando para a chegada do inverno boreal, que ameaça agravar a pandemia que matou mais de 3.000 pessoas no mundo.
A reunião teve como protagonistas os países do G7 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão), e México, que integram o chamado Grupo Iniciativa para a Segurança Sanitária Mundial, criado após os atentados de 11 de Setembro de 2001.
Na reunião, as autoridades também discutiram a importância de ajudar os países pobres, carentes de meios para obter as vacinas e controlar os efeitos da pandemia. A comissária européia da Saúde, Androulla Vassiliou, afirmou que a comunidade internacional está à espera de um relatório das Nações Unidas sobre as prioridades e necessidades destes países: “Quando tivermos, contribuiremos”, prometeu.