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Mudanças climáticas exigem uma resposta global

O Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, preside, quinta-feira, em Genebra, Suíça, o Painel de Alto Nível da III Conferência Mundial sobre Clima, que reúne políticos e peritos em ambiente de mais de 150 países com o objectivo de criar um quadro global para serviços climáticos.

Guebuza, que chega hoje, quarta-feira, a Genebra, vai dirigir o Painel na sua qualidade de co-presidente desta conferência, juntamente com Moritez Leuenberg, conselheiro federal da confederação suíça. Além disso, Guebuza (se for reeleito nas eleições de Outubro) será o portador das recomendações de Genebra a Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, que terá lugar em Copenhaga, na Dinamarca, em Dezembro próximo.

A participação de Moçambique ao nível mais alto e o facto de Guebuza co-presidir a conferência revela o reconhecimento do cometimento político e das estratégias que o Governo moçambicano adoptou, sobretudo depois das catastróficas cheias de 2000, que tem permitido uma melhor gestão das calamidades. A instituição do sistema de aviso prévio e a melhoria da coordenação inter-sectorial são exemplos das várias acções empreendidas pelo Executivo e que tem contribuído para a criação de capacidades para gerir desastres naturais e, assim, reduzir prejuízos humanos e materiais.

Moçambique, como país vulnerável a cheias, secas, ciclones tropicais, entre outras ocorrências de carácter hidrometeorológico, tem interesse especial em participar neste tipo de eventos. Aliás, o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), um organismo das Nações Unidas, aponta para um aumento de intensidade e frequência de eventos extremos do tempo e do clima, aumentando a probabilidade de frequência e intensidade de ocorrência de fenómenos climáticos.

Para o país, que regista em media três a quatro ciclones por ano e que atingem o canal de Moçambique, secas de 3 a 5 anos e cheias quase todos os anos, as mudanças climáticas significam, segundo o moçambicano Filipe Lúcio, perito cientifico principal da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), um aumento de riscos de catástrofes, razão pela qual Moçambique tem que estar preparado para adoptar e implementar medidas de adaptação às mudanças e variabilidades climáticas.

“Isto só será possível mediante o estabelecimento de um sistema de gestão apropriado a catástrofes que envolva sistemas de aviso prévio, prevenção e mitigação e um quadro institucional que permita a integração do risco climático nas acções de planeamento e desenvolvimento socio-económico”, disse Lúcio, que na OMM, com sede em Genebra, está ligado ao programa de redução de catástrofes, frisando que os projectos de desenvolvimento têm que contemplar o risco climático.

Espera-se que Moçambique saia desta conferência potenciado para, futuramente, beneficiar de apoios para responder as necessidades do país nas áreas onde ainda regista algumas fragilidades, como são os casos de capacidade de observação e previsão climática, difusão e massificação da informação para consciencialização das comunidades, coordenação institucional e formação de recursos humanos.

Entre segunda-feira e hoje, quarta-feira, os peritos de mais de 150 países, incluindo Moçambique, discutem aqui em Genebra questões temáticas relativas aos benefícios da informação climática, sua contribuição e maximização das oportunidades que oferece para desenvolvimento socio-económico estável.

Discutem ainda os avanços da ciência de previsão do tempo e clima das escalas sazonais e multi-anuais e como melhorar este conhecimento. A nova rede climática, que a III Conferência Mundial sobre Clima pretende estabelecer, propõe-se a incluir as bases de dados para previsões meteorológicas, mapeamento de zonas em que há riscos de catástrofes naturais e um sistema de alarme ou aviso prévio, como disse na abertura do evento o secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia, Michel Jarraud.

A ideia do painel de peritos é consciencializar os poderes políticos e económicos da importância de se investir mais num sistema de observação global e nas tecnologias para melhorar as previsões climáticas, um investimento benéfico para países pobres e ricos. Os Estados Unidos da América fazem-se representar nesta reunião, participação que é vista como expressando a nova abordagem que a Administração Obama pretende fazer em relação a questão das mudanças climáticas.

A chefe da delegação norte-americana, Sherbume Abbott, disse que a mudança climática é real, seu impacto é sentido em todo o planeta, por isso, o problema requer uma resposta global. “Todas as nações são vulneráveis”, disse.

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