Um ano pode não ser muito tempo para avaliar o percurso de um jornal. Não é. Mas será, certamente, uma medida que nos vais permitir olhar para os passos que demos e decidir se continuamos ou não e, se continuarmos, então precisaremos de consolidar aquilo que de bom conquistámos e corrigir os percalços. Adérito Caldeira, director-adjunto do nosso semanário, tem consciência disso. Por isso diz-nos, na entrevista que nos concedeu, que “durante este tempo de trabalho, penso que demos passos signficativos.
É verdade que ainda precisamos de melhorar alguns aspectos, mas sinto que estamos no bom caminho para atingirmos os nossos objectivos”. O jornal @VERDADE começou da necessidade que um grupo de jovens empreendedores – incluindo Caldeira – teve de compartilhar as várias informações com o povo, que necessita dessa informação e que entretanto tem limitações financeiras e técnicas para ter acesso a ela.
“Nós a princípio não sabíamos exactamente de que forma compartilharíamos essa informação: se através da Rádio ou Televisão, ou ainda via jornal. Decidimonos pelo jornal e estamos aí. Tínhamos a consciência de que seria uma empresa difícil, mas por vezes é necessário aceitar desafios”. Citando Adérito Caldeira, era necessário encontrar-se uma fórmula que funcionasse para o jornal.
“O que acontece é que temos experiências de jornais que apareceram e depois deixaram de existir” De algum tempo para cá, o nosso semanário já chega a todas as capitais provinciais. Ainda em número reduzido, é verdade, mas chega lá, começando uma nova etapa que se espera venha a ser alargada proximamente. Isto é, está-se a pensar em aumentar a tiragem para o dobro, o que, mesmo assim, não será o que pretende.
Segundo o director-adjunto, o ideal para este tipo de jornal seria ter uma tiragem de um milhão de exemplares. “Para o nosso caso, em Moçambique, isso é irrealista. Estamos agora com 50 mil e muitos diziam que nós éramos malucos quando anunciámos isso. Tivemos, inclusive, de solicitar uma empresa para a certifi cação”.
Outrossim, Caldeira refere que para atingirmos a cifra dos 100 mil exemplares temos de ampliar algumas bases porque não estamos completamente sustentáveis. “Neste momento o nosso jornal está a ser distribuído para 50 porcento dos que têm tudo e 50 dos que não têm nada e o nosso objectivo é exactamente priorizarmos estes últimos”.
O objectivo maior é chegar ao campo, ou mesmo aqui ao lado, onde às pessoas não tem internet, não têm dinheiro para comprar um jornal. “Não são os grandes centros urbanos onde a internet está acessível e as pessoas podem encontrar o jornal no nosso website, e os citadinos devem entender isso. Mas nós – em relação à abragência do país – estamos a pensar um dia em que o jornal seja produzido nas próprias províncias”.
Recorde-se que no princípio o @Verdade tinha uma página chamada Grande Maputo. “Se calhar nessa altura, quando chegarmos a Gaza, a página se chame Grande Xai-Xai, assim sucessivamente”. Empresários
Perguntámos a Adérito Caldeira se os empresários entendem que têm obrigação de apoiar um jornal como este, cujo objectivo é fazer chegar informação de graça, sobretudo àqueles que têm poucas posses. “De forma nenhuma. Eles não só não entendem que têm essa obrigação, como não entendem que não só estariam a ajudar o povo, como também garantiriam um direito do povo, que é ter acesso à informação”. Caldeira diz ainda que, apoiando um jornal desta natureza, estariam a chegar perto de potenciais clientes, que poupariam 15 meticais para comprar pão”.
Vem aí o campus O jornal @VERDADE está a projectar mais uma publicação, que se vai chamar O Campus. “É um jornal que também será gratuito, e visa ir ao encontro da população universitária. Se fi zermos as contas teremos em todo o país cerca de 70 mil estudantes, para além de outros exemplares que serão distribuídos fora da população estudantil, ou seja, faremos uma distribuição generalista”. Esta é outra etapa de um percurso que começa com alguns problemas burocráticos.
“Queria lembrar apenas aquele episódio da fronteira, que não é exactamente um problema. É que os guardas alfandegários não estavam habituados a ver um camião carregado de tantos jornais (são 50 mil) e quando depararam com este insólito fi caram espantados”. Mas tudo isso já passou, semanalmente atravessa a fronteira um camião carregado de 50 mil exemplares, para serem distribuídos por todo o país. “Antigamente passavam jornais moçambicanos impressos na África do Sul e ninguém reparava nisso porque cabem numa carrinha de 15 lugares ou numa bagageira.
O nosso jornal é impresso na África do Sul em três ou quatro horas e leva umas três horas para chegar a Maputo, uma das quais é gasta na fronteira no processo de desalfandegamento. E é tranasportado num camião que não pode passar despercebido” Uma palavra para os leitores Adérito Caldeira diz que tem muitas palavras para os leitores. “Mas eu queria pedir aos leitores dos grandes centros urbanos para compartilharem o jornal com aqueles que não têm posses. Eles aqui na cidade, para além da internet, têm outros jornais.