Numa palestra subordinada ao tema “Funcionamento das Instituições Públicas, Economia e Desenvolvimento de Moçambique”, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou, no último Sábado, aquilo que considera “uma nova estratégia económica para o país”. Perante uma enorme audiência, composta, maioritariamente, por membros da Renamo, Dhlakama revelou que o seu partido esboçou um programa de desenvolvimento que faz parte dos grandes desafios para todo o povo moçambicano. De acordo com aquele político, o programa incide sobre agricultura mecanizada, considerada “alavanca” para o combate ao desemprego, nudez e insegurança alimentar.
Dhlakama defende que Moçambique possui terras férteis e condições hídricas para a prática da agricultura, bastando, para tal, a elaboração de melhores politicas de uso e aproveitamento da terra. Eu prefiro ouvir que alguém morreu por SIDA, malária ou diarreias, mas não me conformo em ouvir que estão a ser enterradas pessoas por falta de comida. Isso é pecado. Disse. Para o líder da “perdiz”, a nova estratégia económica contempla a criação de condições para construção de grandes armazéns e processamento de produtos para o consumo e exportação.
E porque reconhece que agricultura é propensa a vários riscos, aquele político defende que o governo deveria assumir certos encargos, através da redução, por exemplo, de determinadas taxas relativas à aquisição dos combustíveis e importação dos equipamentos e insumos agrícolas.
O líder do maior partido da oposição moçambicana é, ainda, de opinião de que o governo deveria sensibilizar as instituições bancárias no sentido de facilitar a concessão de créditos aos agricultores idóneos e de reconhecida capacidade. Outra questão mencionada por Dhlakama relaciona-se com a necessidade de se imprimir uma maior dinâmica ao “marketing” internacional por forma a que os produtos moçambicanos sejam apreciados além fronteiras. Em relação ao tema sobre funcionamento das instituições públicas, Afonso Dhlakama foi muito crítico ao afirmar que o partido Frelimo se confunde com o Estado moçambicano.
Teceu fortes acusações ao governo do dia, cujos dirigentes sectoriais são nomeados, segundo sua observação, com base na confiança politica e não pela sua reconhecida capacidade de liderança e técnico- profissional. Nesta sua primeira aula de sapiência, o presidente da Renamo viu-se obrigado, em algumas ocasiões, a interromper a sua explanação para dar lugar a sessões de perguntas. Entre vários questionamentos, os participantes quiseram saber do líder da “perdiz” acerca dos fundamentos da legislação que preconiza sobre terras e mecanismos de formação dos técnicos agrónomos.
Em resposta, disse que não se trata de tentativa de privatizar a terra, mas a criação de espaço para que ela possa beneficiar a quem a pretenda explorar. E defende que Moçambique forma, anualmente, técnicos superiores, mas que, mais tarde, acabam por abandonar o país, incompatibilizados com actual regime de governação.