O Fatah, que controla a Autoridade Palestina, realiza esta terça-feira seu primeiro Congresso em 20 anos para renovar a direção de um partido minado pelas divisões internas e enfraquecido por sua derrota frente aos islamitas do Hamas em Gaza. Durante este Congresso de três dias em Belém, na Cisjordânia, cerca de 2.300 delegados devem renovar o Comitê Central e o Conselho revolucionário, principais instâncias do Fatah, e adotar um novo programa político.
Fundado em 1959 pelo hoje falecido líder histório Yasser Arafat, o Fatah monopolizava o poder dentro da Autoridade Palestina desde 1994 antes de ser derrotado nas legislativas de 2006 pelos islamitas do Hamas que o expulsaram à força de Gaza em junho de 2007. O Fatah é também tido por muitos palestinos como responsável pela corrupção e a insegurança nos territórios palestinos antes de a Autoridade palestina decidir combatê-los seriamente nos últimos anos.
O Congresso será apenas o sexto do Fatah, o último tendo sido realizado em Túnis, em 1989. Hoje, o Fatah, dirigido pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, controla somente a Cisjordânia e sua linha política pregando um acerto negociado do conflito com Israel após anos de luta armada não para de perder credibilidade por falta de avanço nas negociações de paz.
Se Abbas for mantido como chefe do movimento, a composição do novo Comitê central de 21 membros, que serão eleitos pelos delegados, é alvo de toda sorte de prognósticos. Assim, uma parte dos membros históricos que integram o atual Comitê central deve ceder lugar aos mais jovens.
O secretário geral do Fatah na Cisjordânia, detido em Israel, Marwan Barghouthi, o ex-chefe da Segurança preventiva Jibril Rajoub, o ex-homem forte do Fatah em Gaza e “queridinho” dos americanos, Mohammad Dahlane, aparecem como os pretendentes dos mais sérios. O Conselho revolucionário tem 120 membros, cuja maioria será eleita pelos delegados e o restantes nomeado pelo novo Comitê central.
As querelas entre os tenores do Fatah, que contribuíram para o declínio do movimento, aumentaram nas últimas semanas quando seu secretário geral e um dos fundadores Faruk Kaddumi acusou publicamente Abbas de ter armado um complô com Israel para eliminar Yasser Arafat. Kaddumi, que vive em Túnis, era hostil à realização deste Congresso na Cisjordânia, onde ele nunca colocou os pés desde à ocupação israelense em 1967.
Os preparativos do Congresso foram perturbados pela recusa do Hamas de autorizar os 400 delegados do Fatah de Gaza a ir para a Cisjordânia. Aproximadamente 500 outros delegados instalados no estrangeiro, principalmente no Líbano, na Síria e na Jordânia, foram autorizados por Israel a participar.