Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse ontem durante a visita do seu homólogo moçambicano, Armando Guebuza, que Moçambique é um “parceiro estratégico e prioritário” das relações do Brasil com África e anunciou uma nova missão empresarial em Outubro.
“Consolidar uma aliança que é modelo de cooperação para o desenvolvimento e que revela o potencial transformador da relação Sul-Sul”, destacou Lula da Silva. Lula da Silva disse ainda que os investimentos brasileiros estão a chegar a Moçambique “com força” e que os empresários partilham o optimismo do Governo brasileiro.
O presidente brasileiro exemplificou com o projecto de extracção de carvão em Moatize, pela empresa brasileira Vale do Rio Doce, que foi responsável pela geração de três mil postos de trabalho no país. A participação da Camargo Corrêa no projecto hidroeléctrico de Mpanda Nkuwa também “coloca os empresários brasileiros na linha de frente da geração de energia no país”.
Desde a sua última visita a Maputo, em 2008, já se iniciaram discussões sobre mecanismos de estímulo ao intercâmbio comercial e de investimentos como uma extensão de financiamento, no montante inicial de 300 milhões de dólares (cerca de 210 milhões de euros) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES). Lula da Silva admitiu ainda o seu interesse em avançar bilateralmente em matéria de biocombustíveis e afirmou que um plano de acção de desenvolvimento da matriz energética de Moçambique será elaborado nos próximos meses. Além de financiamento e tecnologia, que “ajudarão a mitigar carências em sectores cruciais como a agricultura e a saúde”, o Presidente brasileiro propôs que seja realizado no Brasil um encontro entre Ministros da Agricultura de toda a África.
O objectivo, destacou, é discutir parcerias “para fomentar, em solo africano, a Revolução Verde”, realçando que a experiência brasileira em tecnologia e políticas públicas estará ao serviço dessa cooperação. O compromisso do Brasil com os “irmãos moçambicanos”, como disse Lula, ainda engloba uma das maiores iniciativas em cooperação, a fábrica de anti-retrovirais, que deverá iniciar as suas operações antes do final de 2010.
Durante a visita que hoje termina, foram assinados acordos de serviços nas áreas de formação de quadros técnicos, no sistema prisional, na área de florestas, em serviços aéreos e de tecnologia social, além de formação de militares moçambicanos para integrarem missões de paz. Lula da Silva enalteceu Moçambique como um país “modelo” para os Estados em situação pós-conflito e destacou que a realização de eleições gerais multipartidárias “de forma regular, democrática e pacífica, confere grande prestígio internacional a Moçambique”. Guebuza iniciou domingo uma visita ao Brasil para reforçar as relações bilaterais e teve como ponto alto a reunião com o seu homólogo Lula da Silva.