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Polícia não sente o aumento da criminalidade e diz que a sua (in)satisfação reflecte as ocorrências nas comunidades

A Polícia da República de Moçambique (PRM) diz que a sua satisfação que se arroga na prevenção e combate à criminalidade, não obstante a população, sobretudo dos centros urbanos, queixar-se de constante insegurança, é medida em função dos dados estatísticos que resultam das ocorrências em diferentes subunidades. E considera que a insegurança nas comunidades não pode ser vista numa única perspectiva, pois varia de acordo com o tipo de crime, sendo os homicídios e as ofensas corporais os casos que mais são veiculados como um sinal de deterioração da tranquilidade pública. Porém, a Procuradoria-Geral da República (PGR) corrobora com o povo e afirma haver “novos fenómenos criminais” protagonizados por jovens de 22 a 35 anos de idade.

A criminalidade, segundo os moradores de diversas zonas do vasto Moçambique, vai de mal a pior. Os bairros em expansão, nos municípios de Maputo e da Matola, por exemplo, já estão na mira dos amigos do alheio. O pânico e as sevícias a que os habitantes dessas e tantas outras regiões estão sujeitos é de cortar faca.

O recrudescimento da onda criminalidade estende ainda a estabelecimentos comerciais. Os artifícios dos meliantes para arrancar bens valiosos das suas vítimas, alguns dos quais actuam mascarados para que não sejam reconhecidos, vão de torturas físicas a abusos sexuais, incluído contra menores de idade.

Para além da pilhagem de bens e uma série de atrocidades, há ainda relatos de casais que são forçados a manter cópula na presença dos filhos, ou mulheres que são deixadas de tronco nu, e na pior das hipóteses estupradas ou diante da família.

Desesperada, a população considera que o crime aumenta a cada dia que passa e a insegurança é da tal sorte que os assaltos acontecem até em plena luz do sol, mas a Polícia tem uma percepção contrária, alegadamente porque as suas estatísticas indicam que a situação não é de todo pior.

Todavia, não são só os munícipes que sentem que o crime avoluma-se a olhos vistos, de há tempos a esta parte. A PGR, Beatriz Buchili, disse, em Junho último, ao Parlamento, que “o nosso país continua a registar fenómenos criminais que desafiam os esforços colectivos de prevenção e combate à criminalidade”.

A guardiã da legalidade queixou-se ainda da “emergência de novos fenómenos ou motivações criminais, os modos de execução, bem como a frequência da sua prática, sugerem, indubitavelmente, que estamos em face do crime organizado, muitas vezes actuando com base e/ou ligações fora do território nacional.

“Nota-se um maior envolvimento na actividade criminosa de jovens com idades compreendidas entre 22 e 35 anos, residentes, sobretudo, nas zonas urbanas, porquanto, do total de 10.815 arguidos nos processos tramitados durante o ano de 2015, 7.572, correspondentes a 70 %, são jovens, cujas idades estão compreendidas naquela faixa etária”, disse Beatriz Buchili.

“As estatísticas são um grande termómetro para os registos policiais”, Inácio Dina, porta-voz do Comando-Geral da PRM, questionado pelo @Verdade se os agentes da Lei e Ordem sentem que o crime tem vindo a aumentar no país.

Segundo ele, o crime poder ser analisado em duas vertentes, a da estatística e a do sentimento de segurança por parte dos cidadãos relativamente aos delitos que acontecem no seu meio. Além do uso de dados numéricos, prosseguiu o policial, privilegiam-se também as reuniões Polícia/comunidade, que não visam apenas focar-se nas estatísticas criminais e persuadir a população a fazer parte da prevenção e do combate ao problema, mas para igualmente “medir o nível de insegurança”.

Na óptica do agente da Lei e Ordem, que falava no habitual briefing à imprensa, o que faz parecer que a criminalidade esteja a aumentar é que os homicídios e as violações sexuais, por exemplo, têm maior repercussão e impacto social, comparativamente a assaltos, quando são veiculados. “Aparentemente, isso faz com que se tenha a percepção de que há insegurança no bairro onde aconteceu.

Apesar de os cidadãos se queixarem da insegurança nos seus bairros e até da inoperância da corporação, o que a PRM sente é que as comunidades participam na prevenção e combate ao crime.

“Quando uma mulher é violada numa zona há um aparente sentimento generalizado de insegurança ao contrário do que as estatísticas podem indicar”, considerou Dina, ajuntando que a prevenção e combate ao crime é um desafio contínuo e a Polícia só ficaria satisfeita se conseguisse repelir todos os delitos e levar os promotores à barra da justiça.

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