Desde Dezembro do ano passado, pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram nas regiões Centro e Norte de Moçambique para finsainda desconhecidos, o que significa que esta gente está ameaçada, segundo a Associação Moçambicana de Apoio aos Albinos (AlBiMoz) em Nampula, que indica que das vítimas apenas três foram resgatadas.
As províncias de Nampula e da Zambézia são consideradas as que registaram mais casos de indivíduos com uma anomalia orgânica caracterizada por ausência ou grande falta de pigmento na pele, nos olhos, nos pêlos e no cabelo afastados do convívio familiar à força. A informação foi avançada no sábado (12) em Nampula, pelo presidente da AlBiMoz, William Tomás, aquando da marcha de repúdio ao tráfico das pessoas em questão. A caminhada contou com a participação de membros do governo local e da sociedade civil.
A marcha, bastante concorrida, visava apelar às autoridades para que criem mecanismos para travar a onda de “caça” a pessoas com albinismo, um mal que, na óptica daquela agremiação, recrudesceu.
De acordo com o responsável, não se sabe se os restantes cidadãos estão ou não vivos. O certo é que nunca mais se ouviu falar deles.
Em Agosto último, Cristóvão Mondlane, procurador provincial de Nampula que lidera a Task Force, um organismo criado para o combate ao tráfico de pessoas, criticou a aparente inacção das autoridades no enfrentamento ao tráfico de albinos.
O procurador considerou que combate ao tráfico de seres humanos, em particular de indivíduos com uma anomalia orgânica caracterizada por ausência ou grande falta de pigmento na pele, nos olhos, nos pêlos e no cabelo, não está a ser levado a sério pelo Governo, para além de este não cumprir cabalmente a sua tarefa de criar meios para fazer face à situação, que só pode ser estancada se houver vontade por parte dos dirigentes e colaboração do povo.
Volvidos alguns dias, o Executivo moçambicano anunciou a criação de um grupo multissectorial de trabalho com vista a encontrar medidas de protecção às pessoas com albinismo. A equipa é liderada pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Mahamudo Amurane, edil da autarquia de Nampula e um dos presentes na marcha, condenou o recrudescimento de raptos de seres humanos, sobretudo dos albinos, e considerou que todos somos iguais, gozamos dos mesmos direitos e estamos sujeitos aos mesmos deveres, por isso, “as nossas deficiências não devem, em nenhum momento, ser entendidas como diferenças”.
Para Amurane, as autoridades devem envidar esforços no sentidode repor a ordem e devolver a tranquilidade e segurança a esta gente e às famílias afectadas. A justiça deve ser feita mediante buscas para a identificação dos raptores e dos mandantes para serem responsabilizados pelos seus actos.
Por sua vez, Felicidade Costa, administradora do distrito de Nampula, manifestou sua indignação com o crime e apelou à colaboração da população na denúncia destes casos.