Rodolfo Almirón Sena, ex-chefe operativo do grupo terrorista estatal Aliança Anticomunista Argentina, conhecida por triplo A, que passou 33 anos escondido em Espanha até ter sido encontrado em 2006 a viver como reformado de hotelaria em Torrent, junto de Valência (Espanha), morreu em Buenos Aires, no passado dia 12, no hospital Ramos Mejía, onde se encontrava há alguns dias depois de ter sido transportado da prisão Marcos Paz onde estava detido. Rodolfo Almirón acabaria por morrer sem ter sido condenado pelos crimes que perpetrou.
Contava 73 anos. À data da sua morte, Almirón estava a ser processado por alguns assassinatos que o Triplo A perpetrou entre 1974 e 1976, como por exemplo o do bebé de seis meses Pablo Laguzzi – filho de Raul Laguggi, então decano da Faculdade de Direito de Buenos Aires –, do deputado nacional Rodolfo Ortega Peña e do subchefe da polícia da capital argentina, Julio Troxler.
O Triplo A foi um grupo terrorista criado durante o Governo do superministro de Bem-Estar Social, José López Rega, em que quem ocupava a presidência era Maria Estela Martínez, viúva de Perón. O grupo tinha por objectivo eliminar a ala esquerdista do peronismo, encarnada pela Juventude Peronista e pela organização guerrilheira Montoneros.
Almirón Sena havia sido exonerado da Polícia Federal por suposta conivência com ladrões de delito comum, mas em 1974 “Isabel” reincorporou-o nesta força junto do seu sogro, o comissário José Ramos Morales, e destinou a ambos tarefas sujas.
O Triplo A iniciou as suas actividades terroristas com um atentado à bomba contra o então senador radical Hipólito Solari. Desde então executou entre 800 a 1000 atentados, sobretudo contra membros da oposição política e da guerrilha, ameaçando ainda particularmente intelectuais e artistas.
Em meados de 1975, no meio de enormes protestos populares contra o plano económico denominado “Rodrigazo”, López Rega – chefe político do Triplo A –, abandonou o Governo e foi enviado por “Isabel” para Espanha com o cargo de embaixador plenipotenciário, junto de Morales e Almirón.
Almirón foi localizado em 1983 quando trabalhava na segurança de Manuel Fraga, na época líder da Aliança Popular. A descoberta suscitou um enorme escândalo e Almirón teve de deixar o trabalho nesse partido. Em Novembro de 2006, o jornal espanhol “El Mundo” reencontrou-o a viver num apartamento subsidiado pela Comunidade Valenciana. Finalmente, em 2008, a Espanha extraditou-o para a Argentina para que prestasse contas à Justiça do seu país, facto que, todavia, nunca veio a suceder.