Quinze pessoas morreram neste sábado na sequência de bombardeamento na cidade portuária de Mariupol, no leste da Ucrânia, disse o Ministério do Interior do país, que culpa rebeldes separatistas e militares russos pelo ataque.
Uma testemunha disse à Reuters que a força dos bombardeios tirou a tinta das paredes de sua casa. As mortes ocorreram após a recusa dos separatistas em realizar novas negociações de paz, em um momento no qual os conflitos estão em seu ponto mais agudo em meses.
A Organização das Nações Unidas afirmou na sexta-feira que 262 pessoas morreram nos nove dias anteriores.
Sob o controle do governo e localizada no Mar de Azov, Mariupol fica na rota costeira próxima à fronteira russa com a Crimeia, anexada por Moscovo em março.
O conselho da cidade afirmou que foguetes foram disparados por rebeldes a partir de sistemas de mísseis GRAD e que atingiram um edifício com vários andares, causando um incêndio. Oleksander Turchynov, secretário do conselho de defesa nacional ucraniano, descreveu o incidente como “outro crime contra a humanidade cometido pelos militares russos e bandos de terroristas sob o total controle deles”.
O ataque foi iniciado pela manhã, afirmou por telefone o aposentado Leonid Vasilenko, de 76 anos, que mora nos subúrbios de Mariupol. “Os muros estavam a abanar, as janelas tremiam, tinta começou a escorrer. Escondi-me no porão. O que você pode fazer? Peguei o cachorro e o gato. No porão você podia sentir a terra tremer”, contou.
O ministro do Interior afirmou que 15 pessoas morreram e 76 ficaram feridas. Separatistas negaram responsabilidade pelo ataque, informou a agência de notícias Interfax.
Após os pedidos internacionais por cessar-fogo, o líder rebelde Alexander Zakharchenko prometeu na sexta-feira que suas forças realizariam uma nova ofensiva.
A ONU disse que o conflito está “em seu período mais sangrento” desde setembro, quando um acordo de paz foi firmado.
Os militares ucranianos reportaram “alta intensidade” de ataques rebeldes a posições do governo. “Grupos armados ilegais estão a tentar expandir as fronteiras de territórios controlados e remarcar a linha de demarcação para vantagem deles”, disse o porta-voz Andriy Lisenko.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse na semana passada que a Rússia tinha 9.000 soldados dentro da Ucrânia e pediu a Moscou que se retire, culpando o país pela agressão armada.
Os russos negam ter mandado forças e armas para o leste da Ucrânia, apesar de o Ocidente dizer que há provas irrefutáveis de que isso ocorreu.
Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, culpou “ordens criminosas” dos líderes ucranianos na sexta-feira pela escalada do conflito, que já matou mais de 5.000 pessoas.
A Ucrânia afirmou que suas tropas estão segurando a batalha contra os separatistas após sofrerem uma derrota simbólica e moral na semana passada, quando os militares ucranianos se retiraram do principal terminal do aeroporto de Donetsk, maior cidade da região.