O Governo moçambicano considera que a situação de prevalência do HIV/SIDA na zona sul de Moçambique é alarmante, pois as taxas de incidência superam de forma acentuada o índice nacional de seropositividade, calculada em 16 por cento.
Falando em conferencia de imprensa, a Primeira- Ministra moçambicana, Luísa Diogo, defendeu hoje, em Maputo, a necessidade de se tomarem medidas de emergência para reverter o cenário que se regista sobretudo nas províncias de Gaza, Maputo e Cidade de Maputo, na região sul do país.
Actualmente, o Governo está a preparar um plano de emergência para a prevenção, controlo, mitigação e combate ao HIV/SIDA na zona sul de Moçambique, cuja conclusão esta agendada para finais de Julho próximo.
A curto prazo, prevê-se um aumento dos níveis de prevalência em Gaza para 35 por cento, na Província de Maputo (34), e Cidade de Maputo (29), contra os actuais 27, 26 e 23 por cento, respectivamente. “Consideramos que é necessária uma intervenção de emergência na zona sul, tal como se fez em relação a zona centro há dois anos. O nível de prevalência na zona centro e’ de 18 por cento enquanto que a região sul tem um índice de 20 por cento, muito acima da média nacional” referiu a PM.
Luísa Diogo sublinhou que a província meridional de Inhambane está numa situação controlada, com uma taxa de prevalência do HIV/SIDA de 12 por cento, contra os 11.7 de 2004, 8.6 de 2002 e 7.4 de 2001. Luísa Diogo falava no término da 31/a sessão do Conselho de Direcção do Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA (CNCS), que tinha como objectivo avaliar a implementação do Plano Estratégico Nacional de Combate a esta pandemia na sua segunda edição, entre outros assuntos.
Para a PM, os elevados índices de seroprevalência com tendência a acentuar-se, na região sul, em particular na cidade de Maputo, está relacionada com o comportamento das pessoas em relação a esta pandemia. “Em Maputo, os dados mostram que o índice de alfabetização é alto, acesso à informação é elevada, o que significa que os jovens estão bem informados sobre esta doença. Portanto, não é falta de percepção ou de informação, é um problema de atitude e um problema de posicionamento das pessoas em relação a esta doença” defendeu.
Luísa Diogo considera que a zona sul tem vários corredores onde há aglomerados de pessoas por causa da actividade comercial, onde também se faz o comércio do sexo. Alem disso, persistem os casos de pessoas que praticam relações sexuais com múltiplos parceiros sem a devida protecção, mesmo tendo conhecimento da existência desta doença. “Temos os corredores de Ressano Garcia, Namaacha, onde há grande concentração da população ao nível do comércio informal, onde também se faz o comércio de sexo. Temos a utilização de múltiplos parceiros, acesso de menores nos clubes nocturnos, apesar da existência da lei que proíbe a sua entrada nesses locais e o consumo de álcool. Nós sentimos que esta lei não está a ser cumprida, mas há que reconhecer e controlar a situação porque se trata de defender a vida e futuro dos nossos jovens” explicou.
Quando se avança para as províncias de Gaza e Inhambane verificamse cidadãos que regressam da África do Sul. Nas paragens rodoviárias há aglomerados de pessoas que fazem o comércio informal. Nesses locais faz-se o comércio do sexo. “Estas situações alarmantes nos induziram a preparar o plano de emergência para a zona sul, que é urgente e está a ser preparado para ser implementado rapidamente, tal como fizemos na região centro do país” sublinhou Luísa Diogo.
“Não podemos atingir níveis dos nossos países vizinhos. Temos que fazer de tudo para não chegar aos níveis da África do Sul, Swazilândia, Botswana e Zimbabwe. Mas se as coisas continuarem assim vamos chegar lá e não podemos permitir” enfatizou.
Luísa Diogo considera que na zona centro, onde foi implementado um plano de emergência durante dois anos, a situação está a normalizar-se, embora continua a registar índices superiores à média nacional. Desta feita, a PM garantiu que o Governo vai continuar a implementar o plano de emergência na região centro, ao mesmo tempo que vai manter estado de alerta em relação à zona norte, que apresenta os índices mais baixos, 16 por cento.
Todas estas medidas têm em vista conter e reduzir os índices de propagação do HIV/SIDA no país. De sublinhar que a região centro apresentava índices de seropositividade de 20.4 por cento em 2004 tendo reduzido para 15 por cento em 2007.
A reunião do Conselho de Directores do CNCS debateu igualmente a situação do HIV/SIDA no sector público, que conta com cerca 160 mil funcionários, dos quais 19 por cento estão infectados e 1900 em Tratamento Anti -retroviral. Luísa Diogo acredita que o Governo vai a tempo de evitar que o HIV/SIDA faça estragos no aparelho do Estado.