A cidade de Nampula, apelidada capital da zona norte, é palco desde a semana passada de um torneio de basquetebol, denominado “ Taça Nampula”. A prova, organizada pela Associação Provincial de Basquetebol (APBN), conta com a participação de mais de 10 equipas divididas em quatro escalões, em femininos e masculinos nomeadamente: iniciados, juvenis, juniores e seniores.
De acordo com os organizadores, o torneio de basquetebol, denominado “Taça Nampula”, tem em vista afastar a camada juvenil de actos ilícitos com destaque para o consumo de drogas e bebidas alcoólicas, uma tradição que já estava a ganhar terreno na cidade de Nampula.
Por outro lado, a descoberta de novos talentos com o intuito de alimentar as equipas federadas é apontado como objectivo secundário pelos organizadores da prova, que por sua vez servirá de antecâmara do Campeonato Provincial de Basquetebol cuja anfitriã será a cidade de Nampula, em Fevereiro do próximo ano. Este torneio terá a participação das formações de Nacala e Nampula.
Não obstante a grande vontade registada pelos praticantes da modalidade, os salões que acolhem os jogos, nomeadamente o campo-velho e pavilhão de desportos, infra-estruturas desportivas propriedades do clube do Ferroviário de Nampula, tem estado às moscas, em consequência do baixo número de pessoas que acorrem ao local a fim de assistirem aos embates.
De acordo com os organizadores, a competição irá comportar seis jornadas em todos os escalões, no clássico sistema de “todos contra todos”, e vão tomar parte 13 equipas, nomeadamente: Universidade Católica de Moçambique (UCM); Marcas; Universidade Pedagógica (UP); Academia Militar; União Desportiva de Napipine; Instituto Criança; Ferroviário de Nampula; Ferroviário de Nacala; Ntsay-escola de basquetebol de Nampula; Clube Juventude de Carrupeia; União Juvenil de Napipene e Associação Real da cidade de Nampula. O evento vai movimentar mais de 100 atletas.
Aurélio Dauce, presidente da Comissão Provincial de Árbitros (COPAB) e membro da comissão organizadora, disse que um dos objectivos da iniciativa é resgatar a modalidade do estado moribundo em que se encontra na apelidada capital da zona norte, e tornar as equipas daquela parcela do país mais competitivas, com a intenção de colher grandes resultados nos próximos anos.
“No período das férias escolares, sobretudo as do fim de ano, são poucas as províncias que movimentam o desporto, com destaque para o basquetebol, e na cidade de Nampula pretendemos marcar a diferença porque temos conhecimento de que este período é propenso a que os jovens se envolvam em actos ilícitos, aproveitando-se da liberdade”, sublinhou Dauce.
Torneio sem incentivo financeiro
À semelhança de muitas competições nas diversas modalidades que são realizadas na cidade e província de Nampula, a Taça Nampula não beneficia de apoio material. O presidente da COPAB afirmou ainda que a questão monetária não tem vindo a influenciar a realização do evento.
“Queremos quebrar o hábito de fazer as coisas depois de estender as mãos. As provas decorrem sem sobressaltos, e com muita por parte animação dos praticantes”, disse a fonte.
Entretanto, o nosso interlocutor lamenta igualmente o facto de o Governo, através da Direcção Provincial da Juventude e Desportos, sempre que é apresentada uma proposta, se refugiar nas desculpas da falta de oficialização das associações e clubes que movimentam a modalidade, para que estes beneficiem de diversos apoios provenientes dos cofres do Estado, com particular destaque para o Fundo de Promoção Desportiva.
O mais estranho, segundo ele, é que a mesma instituição tem anualmente exigido a apresentação de relatórios das actividades realizadas.
Treinadores envolvidos na arbitragem
Ainda no Torneio “Taça Nampula” a Comissão Provincial de Árbitros de Basquetebol disponibilizou um total de 12 juízes da modalidade e, segundo informações em poder do nosso jornal, o maior número é constituído por treinadores das equipas envolvidas na competição, questionando-se, por isso, a transparência dos resultados.
De acordo com o presidente da COPAB, este factor não deve ser visto como sendo um constrangimento, uma vez que os juízes prestam serviços em jogos que a suas equipas não tomam parte.
“A comissão de árbitros de Nampula é composta, na sua maioria, por treinadores. Por falta de pessoas capacitadas para o efeito decidimos colocar os treinadores como juízes e isso nunca influiu nos resultados”, esclareceu o nosso entrevistado.
Aurélio Dauce admite que esta não é a forma eficaz, mas declarou que a sua agremiação adoptou esta estratégia devido à falta de pessoal. Todavia, ele garante que a agremiação da qual é presidente vai continuar a sensibilizar os amantes de basquetebol de modo a aderirem aos cursos de arbitragem.
Importa referir que no decorrer do presente ano, a Comissão Provincial de Basquetebol de Nampula formou 16 novos árbitros da modalidade, dos quais três do sexo feminino. ADD: